Título: Hospitais particulares de SP vão atender pacientes com gripe suína
Autor: Sant?Anna, Emilio; Leite, Fabiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2009, Vida&, p. A19

Após lotação de unidades públicas, governo convida 11 estabelecimentos; 5 deles aceitam acolher usuários de planos

Emilio Sant?Anna e Fabiane Leite

A superlotação em pelo menos dois hospitais públicos de referência para o atendimento da gripe suína fez a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo convidar ontem unidades privadas da capital a atender pacientes que têm planos de saúde. No entanto, apesar de a pasta ter chegado a anunciar a imediata participação de onze hospitais, até o início da noite as unidades ainda definiam como e quando ocorrerá a participação - e uma desistiu. Procurados pela reportagem, cinco confirmaram o atendimento imediato.

Segundo a assessoria de imprensa do hospital Cema, na zona leste, a unidade não vai participar porque já tem uma alta demanda e poderia contribuir para a disseminação da gripe se implantasse o atendimento.

Questionada, a secretaria informou à noite que apenas os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês, Samaritano, Oswaldo Cruz, São Luiz e 9 de Julho assinaram termo de compromisso de realizar o atendimento. Mas somente Sírio-Libanês, Einstein, 9 de Julho, São Luiz, e Samaritano confirmaram ao Estado o imediato atendimento dos casos. Sírio-Libanês e Einstein destacaram que já vinham atendendo pacientes.

"Vamos atender no pronto-socorro e da melhor forma possível", afirmou Ruy Bevillacqua, diretor médico corporativo do São Luiz.

Segundo o diretor clínico do Oswaldo Cruz, Pedro Renato Chocair, ainda é necessário definir áreas para atendimento e o fluxo dos pacientes. "Isso ainda não ocorreu, estamos na fase de montagem da infraestrutura."

A reportagem não conseguiu ouvir ontem o hospital Beneficência Portuguesa.

A rede privada Diagnósticos das Américas, convocada a auxiliar nos exames de pacientes suspeitos, informou que ainda não tinha confirmação de que vai participar. O laboratório Fleury, também convocado, destacou que não há prazo para isso ocorrer. "O teste terá de ser desenvolvido pelo laboratório e ainda não há kits à venda", informou Celso Granato, assessor de infectologia.

Segundo o Ministério da Saúde, a participação de unidades privadas não está prevista em seus protocolos que valem para todo o País, mas a definição da rede de referência é de responsabilidade do Estado.

Atualmente, 18 hospitais públicos já compõem a rede de referência no Estado, 5 na Grande São Paulo.

O secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, destacou ontem que exames poderão ser colhidos nos hospitais privados, que também estão capacitados a fazer internações, caso seja necessário. "Os hospitais vão receber os medicamentos assim como o Emílio Ribas (hospital público estadual) recebe", disse ainda Barradas, que reconheceu a superlotação do Emílio Ribas. "O Emílio Ribas atendia cerca de 70 pacientes por dia, após o feriado de Corpus Christi passou a atender 300", afirmou.

Para o infectologista e diretor do Emílio Ribas, David Uip, a medida da secretaria é acertada e vem em boa hora. "Com o convite, eles vão aceitar ou não participar, mas o que presenciamos hoje foi uma adesão muito importante", destacou.

PLANOS DE SAÚDE

A Câmara de Saúde Suplementar, órgão consultivo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reúne-se amanhã para debater pela primeira vez a pandemia de gripe suína.

O diretor de Normas e Habilitação de Operadoras da agência, Alfredo Cardoso, ressaltou que os planos são obrigados a oferecer cobertura hospitalar caso o paciente tenha complicações, mas não têm obrigação de cobrir o tratamento em casa.

COLABOROU FABIANA CIMIERI