Título: PSDB regulamenta prévias para 2010
Autor: Duailibi, Julia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2009, Nacional, p. A16

Regras da consulta, exigida por Aécio, incluem peso maior para grandes Estados, mas não está definido quem vota

Julia Duailibi

A Executiva Nacional do PSDB aprovou ontem, por unanimidade, a regulamentação das prévias internas no partido para a escolha do candidato à Presidência da República em 2010, caso não haja consenso entre os dois nomes da legenda que podem disputar a indicação, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). O texto, elaborado pelo secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro (MG), foi lido na presença de oito senadores e 14 deputados federais, além de integrantes da cúpula partidária.

De acordo com as regras, será levado em consideração o peso eleitoral de cada Estado para a computação dos votos. Ou seja, Estados como São Paulo e Minas, primeiro e segundo colégio eleitoral do País, respectivamente, terão peso maior. Apesar de o documento ainda não explicitar quem poderá participar da consulta, fixou-se setembro como prazo para definir o tamanho do colégio eleitoral. Ainda não se sabe se poderão votar todos os filiados ou apenas os que detêm mandato eletivo. Serão considerados filiados aqueles que entraram no partido até outubro de 2008. O objetivo é evitar filiações em massa na véspera de uma disputa.

O texto também estipulou setembro como prazo final para o partido marcar as prévias, que poderão ser realizadas entre dezembro e fevereiro do ano que vem. A data já havia sido acertada em conversas entre Serra e Aécio. "Escutamos vários Estados durante todo o processo e buscamos a solução mais equilibrada possível", declarou o deputado Rodrigo de Castro.

As prévias partidárias eram uma demanda de Aécio. Grande parte do PSDB, no entanto, vê com ceticismo a consulta interna. A aposta mais comum no partido é que haverá uma composição entre Serra e Aécio até o ano que vem. Tucanos veem uma constante aproximação entre os dois, principalmente após a melhora no desempenho da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nas pesquisas de intenção de voto.

O mineiro, no entanto, tem descartado publicamente compor com Serra uma chapa puro-sangue, na qual seria candidato a vice do paulista. Mas afirma que a legenda marchará unida rumo às eleições de 2010.

O partido trabalhava na elaboração do documento desde março. Foi nesse mês que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) respondeu a consulta feita pelos tucanos sobre os moldes que as prévias deveriam seguir. Os ministros do tribunal afirmaram à época que o partido poderia realizar a consulta em qualquer data, mas que ela deveria ser limitada aos filiados da legenda. A partir de então, o PSDB começou a fazer consultas aos diretórios estaduais da sigla para condensar uma proposta que agradasse à maioria, mas principalmente aos paulistas e aos mineiros.

"Acho que o resultado final foi bastante equilibrado. Ainda não se sabe quem poderá votar, mas será proporcional ao eleitorado de cada Estado. Acho que é justo e equilibrado, além de corresponder ao que ocorre realmente nas eleições", afirmou o deputado Mendes Thame, presidente do diretório paulista do PSDB.

RECADASTRAMENTO

O partido também definiu que será necessário realizar um recadastramento nacional para chegar a um número mais preciso de filiados. Hoje o PSDB conta com pouco mais de 1 milhão de filiados, mas grande parte dos registros está desatualizada. A única prévia realizada até hoje ocorreu no Estado do Acre para a escolha de quem disputaria a Prefeitura de Rio Branco em 2008.

Serra tem criticado a antecipação do debate eleitoral, embora já tenha dito que disputará prévias, caso seja necessário. O governador paulista afirma que a sua prioridade no momento é governar o Estado. O tucano, no entanto, atendeu a apelos recentes do partido para que viaje mais pelo País, o que já vinha sendo feito por Aécio. "Serra está trabalhando. Ele quer manter esse ritmo até o final do ano. Ele não aceita deixar o governo. Quer trabalhar integralmente para o Estado", afirmou Mendes Thame.

Aécio, por sua vez, insiste na candidatura e viaja pelo País como forma de tentar viabilizá-la. O governador mineiro tem dito ser importante pesar não só a viabilidade eleitoral de cada candidato, mas também a capacidade de aglutinar aliados. É uma resposta para um argumento bastante forte no partido, o de que Serra lidera as pesquisas e que portanto deve ser o candidato à disputa de 2010.