Título: País deve ampliar rede para atender casos de gripe suína
Autor: Formenti, Lígia; Moreira, Ivana
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2009, Vida&, p. A23

Além de SP, Estados do Sul e Sudeste devem adotar ação; Brasil teve 1 dos maiores aumentos de notificação

Lígia Formenti, Ivana Moreira, Fabiana Cimieri e Ariel Palacios

A rede de hospitais indicada para o atendimento de gripe suína deverá ser ampliada nas Regiões Sul e Sudeste, segundo o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage. Além de São Paulo, o Rio Grande do Sul comunicou ao ministério que pretende adotar a medida. Atualmente são 62 hospitais de referência no País.

"A tendência é de que isso (ampliação) ocorra principalmente nos Estados do Sul e Sudeste por causa do maior aumento da demanda nessas regiões", explicou Hage. De acordo com o último boletim, divulgado ontem, o País teve 14 novos casos - 694 registros acumulados desde o dia 8 de maio e 1 morte. Do total, 312 são de São Paulo, 90 do Rio Grande do Sul, 70 de Minas e 67 do Rio.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil foi um dos cinco países que mais tiveram incremento de notificação de casos na última semana. Oficialmente, o maior aumento foi no Reino Unido.

Em Minas, quatro pacientes estão em isolamento hospitalar e um deles, um rapaz de 27 anos, encontrava-se com quadro respiratório considerado muito grave. Internado no Hospital das Clínicas, ele respirava com auxílio de aparelhos. O paciente faz mestrado em Informática na Pontifícia Universidade Católica de Minas. Após a confirmação, a instituição suspendeu as aulas da turma.

Já o secretário da Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, disse que três outros hospitais prometeram ontem auxiliar no atendimento de pacientes com gripe suína que tenham plano, além de cinco que já tinham assinado termos de compromisso.

No entanto, as novas unidades, Santa Catarina, Beneficência Portuguesa e Cema, não oficializaram a adesão (mais informações nesta página). Barradas disse que hoje segue para Campos de Jordão, cidade paulista que lota de turistas no inverno, para organizar o atendimento e prevenção à gripe. De acordo com ele, um novo hospital público de referência deve ser alocado na região.

AMPLIAÇÃO

Anteontem, o chefe de serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Alberto Chebabo, defendia a ampliação dos pontos de triagem para gripe suína no Rio. "O serviço está no limite da demanda e a previsão é de que o movimento, com o inverno, aumente ainda mais", disse. O secretário municipal da Saúde do Rio, Hans Dohmann, diz não haver motivo para pânico. "Não há pressão na rede hospitalar."

Além da ampliação das redes de atendimento, alguns Estados passam também a alterar a forma da distribuição do medicamento indicado para o tratamento da gripe suína. "Estados têm a liberdade e a atribuição para adotar as duas medidas. Isso tem de ser feito de acordo com a necessidade local", completou Hage. Ele garantiu que, desde o registro dos primeiros casos da doença no País, não houve problema de distribuição ou de estoques do remédio. "Fizemos reposições para vários locais. Estados pedem sempre antes de as caixas acabarem."

Um ônibus itinerante para informar e tirar as dúvidas da população sobre a gripe suína também começou a circular ontem no Rio. A iniciativa é uma parceria das secretarias estadual e municipal da Saúde, que estão intensificando as ações para tentar impedir a disseminação do vírus A(H1N1).

ARGENTINA

Após três dias sem ministro da Saúde, a Argentina confirmou Juan Manzur para o posto. Ele assumiu anunciando verbas de US$ 330 milhões para o combate à gripe suína. O governo argentino está sendo acusado de descaso e incompetência para deter o avanço da doença. Segundo Juan Carr, diretor da Rede Solidária, a maior rede de ONGs da Argentina, mais de 50 mil pessoas já teriam sido contagiadas no país. Oficialmente,o número não chega a 2 mil.