Título: Lula e Sarkozy se unem por reformas
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2009, Economia, p. B9

Presidentes defendem mudança no Conselho da ONU e no FMI

Denise Chrispim Marin, BRASÍLIA

Às vésperas do encontro anual do G-8, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo e a Rússia, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, da França, vão publicar um artigo conjunto no qual defenderão a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e dos principais órgãos financeiros, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). A versão final do texto, que deve ser publicado em um jornal francês e um brasileiro no próximo dia 7, quando os dois presidentes se encontrarão em Paris, estava ontem nas mãos da chancelaria francesa.

A iniciativa resulta de uma aproximação dos interesses defendidos por Lula e Sarkozy na reestruturação da governança global - tópico que ambos enfatizaram nas duas reuniões de cúpula do G-20 realizadas desde dezembro passado. Nesse mesmo mês, no Rio, os presidentes afinaram suas posições em um encontro, no qual cimentaram uma "parceria privilegiada" e dois acordos na área militar.

Segundo um colaborador direto do presidente Lula, o artigo trará um apelo dos líderes em favor do cumprimento das resoluções do G-20 para a superação da crise econômica e para a remodelação do sistema de governança global. Em especial, chamarão atenção para a necessidade do fim dos paraísos fiscais e de controles mais eficazes do sistema financeiro.

Os presidentes abordarão no artigo a demora dos países do G-20 em cumprir o compromisso de novos aportes ao FMI. Esses recursos, em princípio, devem alavancar financiamentos aos países mais debilitados pela crise, sem as tradicionais condições aplicadas pelo Fundo. Por fim, Lula e Sarkozy tratarão da reforma do Conselho de Segurança, incorporando novos membros permanentes - tema caro ao governo Lula, que há anos tem o aval integral da França à ascensão do Brasil a esse posto.

A publicação de um artigo conjunto havia sido acertada na última conversa entre os presidentes, em 15 de junho passado, quando participaram da Cúpula Mundial de Emprego, promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra. O recado chegará, oportunamente, na véspera da reunião de líderes do G-8 em L?Aquila, Itália, e a apenas dois meses da terceira cúpula do G-20, nos EUA.