Título: Zoellick apoia reforma do Bird
Autor: Andrei Netto
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2009, Economia, p. B9

Presidente do banco vai endossar discurso de Lula

Jamil Chade

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial (Bird), vai endossar as propostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros governantes para reformar a instituição e dar mais poder aos países emergentes. Ao Estado, Zoellick afirmou que vai trabalhar para garantir uma mudança nos votos dentro da instituição e um novo equilíbrio de poderes.

"Apoio a ideia do presidente Lula", afirmou. A abertura contrasta com o comportamento que Zoellick exibia quando ocupou cargo equivalente a ministro do comércio no governo de George W. Bush. Ele era conhecido por não gostar de reuniões em que participavam muitos países. Em uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) no Egito, em 2003, chegou a pedir para que os países pobres não fizessem discursos longos e se irritou com o número de convidados.

Agora, Zoellick se vê obrigado a mudar o tom das declarações. A reforma das instituições multilaterais está no centro dos debates e fará parte das reuniões nesta semana entre os países do G-8 (grupo dos oito países mais industrializados e a Rússia) e os emergentes. Zoellick também estará na reunião do G-8, cujo poder político tem sido questionado, por causa da crise.

O Brasil quer que os países emergentes tenham pelo menos 50% do poder de voto dentro do Bird. Hoje, 56% dos votos estão com 29 países ricos. Já os demais 156 representam apenas 44% dos votos. O Brasil tem 2,06% dos votos. O que o governo quer é que haja pelo menos uma paridade. Outra bandeira do Brasil é que a escolha dos novos presidentes sejam feitas independentemente da nacionalidade. Nos últimos 60 anos, o cargo é ocupado por americanos.

FMI

Murilo Portugal, vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), diz que a entidade também caminha para reformas. "Haverá uma mudança no poder de voto a favor das economias emergentes." Para Portugal, as economias em desenvolvimento sairão da reforma com mais peso. O projeto de revisão dos trabalhos da entidade foi antecipado de 2013 para 2011. "É possível que haja uma nova transferência de poder de votos", afirmou.