Título: G-5 quer redistribuição de poder
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2009, Economia, p. B3

Em declaração, países emergentes oficializam pedido de mais representatividade em instituições multilaterais

Dow Jones Newswires

O G-5 (México, Brasil, China, Índia e África do Sul) e o Egito, países emergentes convidados para a cúpula em Áquila, emitiram um extenso comunicado ontem em que oficializam a reivindicação para que o poder nos organismos multilaterais financeiros seja redistribuído.

"Em particular, insistimos para que sejam direcionados esforços apropriados a resolver o problema da sub-representatividade e voz inadequada dos países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais, que é urgentemente necessária." Os países se comprometem a trabalhar em conjunto pela segurança alimentar e combate à crise econômica.

Os líderes do G-5 se encontraram em Áquila durante a reunião do G-8 (grupo dos sete mais desenvolvidos e a Rússia). Hoje, os dois grupos se unem e participam de reuniões com organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os países emergentes disseram ainda que os desenvolvidos precisam liderar a luta para fortalecer a coordenação econômica e adotar fortes medidas de estímulo para restaurar a confiança nos mercados, estabilizar as praças financeiras e promover o crescimento da economia. "Os países desenvolvidos têm uma responsabilidade de liderar esse processo."

O G-5 fez também um apelo para que as economias desenvolvidas não ignorem problemas conhecidos dos países em desenvolvimento por causa da crise econômica global. "É nossa convicção que os esforços para obter a segurança alimentar e energética, e outras questões de preocupação comum dos países em desenvolvimento, não deveriam ser reduzidos por causa da crise financeira."

"Ao contrário, precisamos usar a crise como uma oportunidade para reformar o sistema econômico para o benefício de todos, particularmente dos mais vulneráveis."

O comunicado foi o resultado de conversas entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o mexicano Felipe Calderón; o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh; do presidente da África do Sul, Jacob Zuma; e do conselheiro de Estado da China, Dai Bingguo.

Dai afirmou que os líderes do G-5 chegaram a um amplo consenso, mas disse que "algumas questões ainda requerem mais consideração".

O G-5 também pediu aos países ricos que considerem o impacto de suas políticas econômicas no mundo e evitem o protecionismo. E afirma que está pronto para concluir a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).