Título: Líderes do G-8 discutem cotação ideal do petróleo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2009, Economia, p. B4

Porta-voz do presidente russo disse que valor entre US$ 70 e US$ 80 foi considerado ?justo?, mas primeiro-ministro britânico nega o acordo

A maioria dos líderes do G-8 (grupo das sete economias mais industrializadas e a Rússia) teria concordado sobre uma variação ideal do preço do barril do petróleo entre US$ 70 a US$ 80. Seria uma margem considerada "justa", segundo afirmou Natalya Timakova, a porta-voz do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, a repórteres. O valor teria sido alcançado por meio de estudos de companhias petroleiras. Mas o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, nega.

Indagado sobre a discussão, o britânico disse: "Nós não discutimos uma figura específica e não discutimos detalhes sobre nenhuma margem de preços. Não há nenhum consenso sobre variação."

Antes do encontro, Brown e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, uniram esforços para tentar buscar um consenso entre os demais líderes sobre a necessidade de reduzir a volatilidade do preço do petróleo. Os líderes francês e britânico assinaram um artigo conjunto na edição de ontem do Wall Street Journal em que defendem o estabelecimento de uma margem de preço para o petróleo cru que seja "compatível com fundamentos", argumentando que a flutuação do preço da commodity tem piorado a instabilidade econômica mundial. Num período de 12 meses, o valor flutuou entre US$ 32 e US$ 147.

De acordo com um projeto de comunicado preparado para a cúpula, os líderes do G-8 buscam estabilizar mercados da energia, alegando que os preços imprevisíveis dificultam o investimento na indústria.

O presidente russo discorda de possíveis intervenções sobre o mercado. "No decorrer da sessão de manhã, o presidente Medvedev disse que regulações administrativas do preço são impossíveis", disse por meio da porta-voz.

Os Estados Unidos também buscam uma forma de regular melhor o mercado das commodities energéticas por meio de restrições de holdings de grandes companhias. A ideia é que países produtores e consumidores detectem quais mecanismos do mercado de petróleo provocam as variações e, assim, combatam a especulação.

OPEP

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou que a demanda pela commodity em países desenvolvidos deverá cair continuamente até 2030, depois de ter atingido o pico em 2005 e o apetite para explorar petróleo está diminuindo. Com isso, o cartel cortou sua projeção para gastos com campos de petróleo nos próximos cinco anos em cerca de um terço.

Em seu relatório anual divulgado hoje, a organização informou que "os investimentos em exploração e produção estimados pela Opep para o período de 2009 a 2013 caíram de US$ 165 bilhões para entre de US$ 110 bilhões e US$ 120 bilhões". Em fevereiro, a Opep já havia anunciado a paralisação ou cancelamento de 35 projetos.