Título: Brasil desenvolve exame para diagnóstico
Autor: Sant?anna, Emilio; Spinosa, Marcela
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2009, Vida&, p. A16

Certificação do teste está programada para ser feita na próxima semana

Lígia Formenti, BRASÍLIA

Institutos brasileiros desenvolveram e devem testar na próxima semana o primeiro exame feito no País para diagnosticar infecções por gripe suína. Fruto de uma parceria dos Institutos Oswaldo Cruz, Biomanguinhos, Carlos Chagas e Biologia Molecular do Paraná (IBPM), o teste é feito com a mesma metodologia dos exames importados - o PCR em tempo real.

O custo do produto nacional representa cerca de 10% do valor de mercado do teste importado. Mas, atualmente, o País não paga pelo kits - por se tratar de uma emergência mundial, o produto é doado pela Organização Mundial da Saúde.

Depois de validado, o exame será ofertado para o Ministério da Saúde. "Caberá ao governo a decisão de incorporá-lo ou não", afirmou o pesquisador Marco Aurélio Krieger, integrante do Instituto Carlos Chagas e do IBPM. Além de Krieger, foram responsáveis pelo projeto Marilda Siqueira, do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, e Antonio Ferreira, do Instituto Carlos Chagas.

Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, informou que a validação é uma etapa indispensável para a aplicação prática do novo exame. Caso ele não passe pela certificação, programada para ser realizada na próxima semana, os estudos devem continuar. Krieger conta que o trabalho para desenvolvimento do teste nacional começou há dois meses, logo depois da notícia dos primeiros casos da doença e da dificuldade de o País receber os primeiros kits importados.

Quando foram confirmados no mundo os casos iniciais de gripe suína, o Brasil teve de aguardar cerca de 20 dias para receber os kits de diagnóstico, sem os quais é impossível afirmar se o paciente está ou não contaminado pelo vírus, o A(H1N1). "Com a produção nacional, ganhamos maior autonomia. Podemos nos planejar e adaptar o volume de produção dos testes de acordo com a demanda." Krieger, no entanto, diz que a produção nacional é importante, mesmo que para isso seja preciso pagar pelo produto. "Dominar a tecnologia é uma questão estratégica. É importante porque garantimos autonomia e agilidade para a produção do teste."

O pesquisador observa que, ao longo do último mês, com o aumento da demanda de pacientes suspeitos, laboratórios de referência tiveram de interromper algumas vezes a realização de testes, porque os estoques haviam acabado. "Com produção nacional, com um estoque regulador não há risco de desabastecimento." Krieger conta que, em um laboratório semi-automatizado, seria possível fazer cerca de 100 testes diários. Se houver necessidade, a capacidade pode ser ampliada, mas, para isso é automatizar toda a produção. Além dos kits, os institutos desenvolveram insumos e reagentes usados nos testes.