Título: Brasil registra 3ª morte por gripe suína
Autor: Sant Anna, Emilio ; Ogliari.Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2009, Vida, p. A16

Secretaria confirma óbito de garoto de 9 anos, o segundo no RS

Emilio Sant"Anna e Elder Ogliari

A terceira morte por gripe suína no Brasil foi confirmada ontem no Rio Grande do Sul. Trata-se de um garoto de 9 anos, de Sapucaia do Sul, região metropolitana de Porto Alegre. O menino faleceu no dia 5 deste mês após passar três dias internado no Hospital de Clínicas, na capital gaúcha. É o segundo óbito causado pela doença no Estado.

As autoridades sanitárias do Rio Grande do Sul afirmaram que o garoto era portador de uma doença neurológica - o que pode ter dificultado a recuperação - e admitem a hipótese de que tenha contraído o vírus A(H1N1) do irmão adolescente, que também contaminou os pais. O jovem começou a apresentar os sintomas da gripe suína em 27 de junho e seu irmão mais novo, dois dias depois.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Osmar Terra, o fato de ser portador de uma doença neurológica pode ter agravado o quadro clínico do garoto. "Sabemos que algumas doenças neurológicas dificultam a respiração, o que facilita as complicações", diz Terra.

Na escola em que o adolescente estuda, um surto da doença foi identificado após uma professora retornar de Córdoba, na Argentina. Tanto ela quanto um familiar também tiveram a doença confirmada por exame laboratorial. "É possível que seja essa a forma de transmissão", afirma o secretário. "Porém, o nexo epidemiológico só foi identificado depois."

A primeira morte por gripe suína no Brasil foi anunciada no dia 28 de junho, também no Rio Grande do Sul: Vanderlei Vial, um caminhoneiro de 29 anos, viajou à Argentina e retornou com sintomas da doença. Na sexta passada, São Paulo anunciou outra morte: em 30 de junho, uma menina de 11 anos morreu seis horas após chegar ao pronto-socorro de um hospital privado de Osasco.

A Secretaria da Saúde investiga o caso, pois ninguém da família da garota viajou ao exterior ou teve contato com alguém que tenha viajado. O pai da menina, também contaminado, segue internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Com as três mortes, a letalidade do vírus no Brasil, até o momento, é de 0,29 % - menor do que o encontrado em outros países (0,45%). No Rio Grande do Sul, segundo Terra, a situação deve se complicar pela proximidade com a Argentina. "Todos os dias, milhares de caminhoneiros vindos de Argentina, Uruguai e Chile entram no Brasil por aqui, sem contar os mais de mil que partem para lá, diz. "Em breve, vamos ter mais casos do que São Paulo."

PREVISÃO

Na semana passada, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, esteve em Porto Alegre, onde se reuniu com Terra. Na ocasião, ao contrário do secretário - que tem afirmado que a epidemia é inevitável no Estado -, Temporão disse que a situação está sob controle. "O ministro não quis fazer a mesma previsão, mas com a evolução dos casos na Argentina e no Uruguai, a doença deve se propagar mais rápido aqui também", diz. Segundo ele, a pasta tomou as medidas necessárias para que a família do garoto seja monitorada.