Título: Governo pode declarar circulação livre do vírus da gripe suína no País
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2009, Vida&, p. A16

Medida depende da investigação de 2 das 4 mortes; Brasil registrou mais 148 casos, chegando a 1.175 desde maio

Lígia Formenti

As autoridades sanitárias brasileiras estão investigando duas das quatro mortes por gripe suína registradas no País. Ainda não está clara a forma de contaminação do paciente de Botucatu (SP), de 28 anos, morto sexta-feira. Também não foi esclarecido como a menina de Osasco (SP), de 9 anos, que morreu dia 30, contraiu a doença. Se os mecanismos de contaminação não ficarem definidos, o País poderá declarar que já há transmissão comunitária ou sustentável da gripe suína. Não há prazo estipulado para que a investigação seja concluída, informou o Ministério da Saúde.

O rapaz de Botucatu teria encontrado pessoas vindas do Chile (mais informações nesta página). Para ser caracterizado o vínculo, é preciso que o contato entre paciente e transmissor tenha sido próximo. No caso da estudante, também há dúvida. Uma professora dela teria ido à Argentina. Mas isso ocorreu no período das férias e não teria havido contato entre elas.

Segundo a secretaria de Estado de Saúde, há em São Paulo pelo menos cinco pacientes em estado grave. em UTIs.

A declaração de transmissão sustentada é considerada questão de tempo. Com o inverno e o aumento do número de doentes na Argentina e no Chile, o número de casos suspeitos e confirmados de gripe suína no País aumentou. De acordo com o boletim divulgado ontem, são 1.175 casos confirmados da doença.

Até agora, autoridades sanitárias conseguiram definir a forma de contágio dos pacientes - viagem no Exterior ou contato com infectado pelo vírus. Quando tal vínculo não puder mais ser feito, é preciso que seja declarada a transmissão comunitária da gripe. Nos últimos dias, integrantes do ministério afirmam que, mesmo que tal declaração seja feita, não haverá mudanças na estratégia para lidar com a doença. Ao longo dos últimos dois meses, quando os primeiros casos de gripe suína foram registrados, a política de controle e combate foi pouco a pouco sendo adaptada: desde a classificação de pacientes suspeitos, a forma de diagnóstico até indicação para uso de medicamentos. A última alteração ocorreu há treze dias, quando a pasta determinou a restrição dos testes de diagnóstico da doença e recomendou que todas as pessoas com suspeita de gripe procurassem seu médico de confiança.

O infectologista David Uip, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, tem dito que o País já adota medidas que mesclam a contenção e a mitigação ( redução dos efeitos negativos) da doença, o que geralmente ocorre quando há transmissão comunitária. Na avaliação de Uip, a alteração não teria reflexos práticos.

A mais nova alteração será feita para orientar médicos que atendem casos suspeitos. Um guia para auxiliar profissionais de saúde a detectarem sinais de agravamento vai ser preparado. Entre os sintomas estão pressão baixa e confusão mental, mãos e pés arroxeados.

OSELTAMIVIR

O Ministério da Saúde deverá receber na próxima semana 50 mil doses do antiviral oseltamivir da empresa fabricante, a Roche. O lote faz parte de uma compra de 800 mil tratamentos feita há dois meses. A expectativa é de que o segundo lote da compra, também com 50 mil doses, seja entregue dia 15 de setembro. No dia 30 do mesmo mês, a empresa deve enviar os 750 mil tratamentos restantes.

Além disso, o ministério aguarda para 30 de julho 100 mil doses, o primeiro lote encapsulado pela Fundação Oswaldo Cruz. Os remédios preparados pela fundação foram feitos com princípio ativo comprado em 2006, como parte dos preparativos para a gripe aviária. Foi adquirido material suficiente para produzir 9 milhões de doses.

SINAIS DE ALERTA

Sintomas de que a gripe está se agravando:

Dor no peito

Frequência respiratória superior a 25 respirações por minuto

Pressão baixa

Crianças pequenas que se recusam a mamar ou beber água

Confusão mental

Extremidades do corpo (dedos das mãos e dos pés) arroxeadas

Batimento de asa no nariz (movimento das narinas em situações de dificuldade respiratória) em crianças pequenas

Sinais de desidratação