Título: GM confirma investimentos de R$ 2 bilhões no País
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2009, Economia, p. B14

Metade desses recursos deve vir de financiamentos de bancos públicos, segundo a empresa

Leonardo Goy

A General Motors (GM) do Brasil anunciou oficialmente ontem que vai investir cerca de R$ 2 bilhões no desenvolvimento de uma nova família de veículos a serem produzidos na fábrica de Gravataí (RS), que terá sua capacidade de produção ampliada. O anúncio foi feito pelo presidente da filial brasileira da GM, Jaime Ardila, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o primeiro grande investimento anunciado por uma montadora desde o início da crise global.

O executivo afirmou que, do total dos investimentos, cerca de 50% deverá ser bancado com recursos do próprio caixa da GM no Brasil, e a outra metade por bancos estatais. "Já temos, pelo menos, dois bancos interessados em financiar esses 50%: o Banrisul e o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul)", disse Ardila.

A nova linha, batizada de projeto Onix, prevê a produção de veículos de pequeno porte, cuja faixa de preço estará acima da do Celta. Com o investimento, a fábrica de Gravataí passará a ter a maior capacidade de produção entre as unidades da GM no Brasil e no Mercosul, ultrapassando a de São Caetano do Sul (300 mil unidades/ano) e de São José dos Campos (320 mil unidades/ano). A fábrica gaúcha, que hoje produz 230 mil unidades por ano, passará, a partir de 2012, a fabricar 380 mil veículos, já com os dois primeiros modelos do projeto Onix, um aumento de 65% na sua capacidade de produção.

A previsão da GM é de que os investimentos gerem mil empregos diretos e sete mil indiretos. "Os dois primeiros modelos da nova linha serão destinados ao mercado interno, às exportações no âmbito do Mercosul e também há perspectiva de venda para outros mercados, como o da África do Sul", disse Ardila.

CRESCIMENTO

O presidente da GM acredita que o mercado doméstico brasileiro deverá crescer a um ritmo de 5% ao ano nos próximos anos. Ele também afirmou que, com os investimentos, a unidade brasileira da GM não deverá fazer novas remessas de lucros para a matriz num futuro próximo. Ele lembrou que o processo de reestruturação da General Motors nos Estados Unidos já foi completado, mas ressaltou que a filial brasileira não foi atingida por essa reestruturação.

A ampliação da capacidade em Gravataí terá incentivos fiscais semelhantes aos que já existem hoje para a fábrica gaúcha, com uma diferença. Segundo explicou o vice-presidente da GM no Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, hoje 100% da produção de Gravataí tem a prerrogativa de prorrogar em 10 anos o pagamento do ICMS. Para a ampliação, a prorrogação valerá para 75% das vendas, ou seja, para 25% do que for vendido da nova linha, o recolhimento será imediato.

O executivo acredita que a empresa venderá, neste ano, 600 mil veículos no mercado brasileiro, um aumento de 3,45% em relação ao que foi vendido em 2008. "No ano passado vendemos 580 mil, por isso imagino que neste ano deve ser um pouco mais", afirmou.