Título: RS tem o maior número de mortes por gripe
Autor: Thomé, Clarissa , Sorano,Vitor ; Hahn,Sandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2009, Vida, p. A16

Secretaria cria comitê para acompanhar casos; Osasco registra 2.º óbito no município e pede ajuda ao Exército

Clarissa Thomé, Vitor Sorano e Sandra Hahn

O Rio Grande do Sul confirmou ontem que mais cinco pessoas morreram infectadas com o vírus da gripe suína no Estado. As mortes ocorreram nos dias 8, 10, 11, 15 e 16 deste mês, sendo duas em Passo Fundo, duas em Santa Maria e uma em Uruguaiana. Com elas, o Estado soma sete mortes de pessoas que tiveram a gripe. Das cinco, uma teve relação com viagem e as demais ainda estão sendo investigadas para apurar a origem.

Pelo volume de casos estimados e sua distribuição regional, o secretário da Saúde, Osmar Terra, considera que provavelmente há circulação sustentada do vírus no Estado. Ele também informou que o RS criou um comitê gestor para acompanhar a gripe suína e espera começar, a partir da próxima semana, a realizar testes de laboratório de pacientes suspeitos que estiverem internados.

O exame que será feito é o de imunofluorescência, capaz de diferenciar influenza de outros vírus, mas não detecta o tipo de gripe. A medida facilitará o tratamento dos pacientes. O Rio Grande do Sul tem 138 casos confirmados de gripe suína, mas o secretário avaliou que esse número não representa mais a realidade. Ele estimou que o Estado deva ter cerca de mil pessoas atingidas pela doença.

As cinco mortes confirmadas ontem foram de adultos jovens. Terra disse que esse padrão de propagação de doenças, para as quais a população não tem anticorpos, foi verificado em outras epidemias. Os adultos jovens são atingidos primeiro porque circulam mais; na sequência, são mais afetados idosos e crianças.

Em Passo Fundo, morreram um comerciante de 42 anos e um garçom de 30. Ambos eram hipertensos. Em Santa Maria, as duas mortes foram de um operador de manutenção, de 36 anos, que tinha diabete e hipertensão, e um segurança de 26, que não tinha doença. Em Uruguaiana, a vítima foi um caminhoneiro de 35 anos, obeso. Terra avaliou que as novas ocorrências não significam que houve aumento na letalidade da doença. Ele observou que o mês de julho é tradicionalmente o de maior mortalidade de doenças respiratórias no Estado e uma quantidade importante delas está relacionada com a influenza, em seus vários tipos. No ano passado, o Estado teve cerca de 2,5 mil mortes por pneumonia. As doenças respiratórias são a terceira causa de morte no RS.

OSASCO E RIO

Segunda pessoa a morrer em Osasco (SP) com a gripe suína, no dia 11, o estudante de 21 anos foi duas vezes ao hospital, com sintomas de gripe forte, antes de ser internado. Ele foi liberado e chegou a frequentar aulas em um cursinho na capital paulista. A informação foi repassada à Secretaria de Estado da Saúde, segundo autoridades de Osasco para que seja feito o monitoramento das pessoas que tiveram contato com o jovem.

Segundo a infectologista Carmeci Almeida, da Vigilância Sanitária de Osasco, ele não foi medicado com as drogas indicadas para o tratamento da gripe suína porque à época não se enquadrava no perfil dos que deveriam receber o tratamento - ter vínculo com paciente que contraiu a doença no exterior. "Mesmo que tivesse tomado (o antiviral), não temos como saber a evolução dele", disse a infectologista Marília de Deus Dias Vieira, da Secretaria da Saúde de Osasco.

O estudante morava em um bairro diferente ao da primeira vítima da cidade, uma garota de 11 anos, que morreu no dia 30. Há 18 casos confirmados na cidade. Por causa do aumento de registros, o prefeito Emídio de Souza (PT) chamou o Exército para montar tendas de orientação em hospitais e prontos-socorros, decidiu telefonar para os 150 mil domicílios da cidade e cancelou cirurgias que podem esperar para deixar mais leitos disponíveis. Duas pessoas estão internadas na cidade em decorrência da gripe.

No Rio, a Secretaria Municipal da Saúde confirmou a primeira morte por gripe suína. A vítima, uma mulher de 37 anos, morreu na terça-feira em um hospital particular, após sete dias de internação. A paciente não viajou nem teve contato com ninguém que tenha estado em países com alta incidência da doença, informou o secretário de Saúde, Hans Dohmann.Ela começou a apresentar os primeiros sintomas no dia 2.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Tire suas dúvidas sobre a doença, como sintomas, gravidade, tratamento e recomendações

O que significa "transmissão sustentada" do vírus da gripe suína?

Significa que já contraíram o vírus A(H1N1) pessoas sem nenhum vínculo com outros indivíduos que viajaram ao exterior (em especial aos sete países onde a transmissão já era sustentada: Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Argentina, Austrália e Reino Unido). Ou seja, o vírus já está circulando no País

É esperado um aumento no número de casos da nova gripe?

Sim, mas não só para a nova gripe, e sim para todos os tipos de gripe, como ocorre todos os anos no inverno

Quais as recomendações do Ministério da Saúde?

Segundo o ministro José Gomes Temporão, o fato de o vírus da gripe suína circular agora em território nacional muda o cenário da doença. A partir de agora, as pessoas precisam ficar mais atentas aos sintomas já divulgados, especialmente a dores no corpo, febre alta e problemas respiratórios. Automedicação ou remédios caseiros, como chás, são desaconselhados. Deve-se procurar um médico. Também é importante lavar as mãos com frequência, tapar a boca com lenços descartáveis ao tossir ou espirar e evitar compartilhar utensílios como copos, talheres, toalhas

Quem deve fazer o exame para confirmar se pegou a nova gripe?

A confirmação por exame laboratorial será feita nos casos graves ou em amostras, no caso de surtos localizados. Não serão mais realizados exames em todas as pessoas com sintomas de gripe

Qual é o critério para receber o antiviral oseltamivir?

O medicamento só será dado, sob orientação médica, aos pacientes com agravamento do estado de saúde nas primeiras 48 horas desde o início dos sintomas.

Todos os indivíduos que compõem o grupo de risco para complicações de influenza requerem avaliação do médico para indicação de tratamento

Que pessoas são mais suscetíveis a complicações da doença?

Gestantes, pessoas com mais de 60 anos, com menos de 2 anos, com baixa imunidade (com câncer, em tratamento de aids ou em uso regular de corticoide), diabete, doença cardíaca, pulmonar ou renal