Título: Corte aumenta pressão sobre fundos
Autor: Modé,Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2009, Economia, p. B4

Segundo analista, com IR de 22,5%, poupança já rende mais do que fundos DI com taxa de administração acima de 1%

Leandro Modé

A nova queda da taxa Selic deixou a poupança ainda mais competitiva em relação aos fundos de renda fixa e, principalmente, DI. Nas contas do administrador de investimentos Fábio Colombo, para igualar o rendimento da poupança, um fundo DI deve cobrar uma taxa de administração máxima de 1% ao ano, considerando uma alíquota de Imposto de Renda (IR) de 22,5% (adotada para investimentos até 6 meses).

Na alíquota de 15% (válida para aplicações a partir de dois anos), a taxa de administração máxima sobe para 2%. Colombo ressalta que o cálculo é feito com base nas taxas médias dos fundos dessa categoria. "O cenário está ficando mais apertado (para a indústria de fundos)", comentou Colombo.

Segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), a taxa de administração média dos fundos DI voltados ao público de varejo era de 1,49% em maio. Nos fundos de renda fixa, de 1,13%.

Por lei, a poupança tem de render ao menos 0,5% ao mês, o que resulta em um ganho anual - livre de impostos - de 6%. Os fundos DI e de renda fixa, que acompanham a evolução da Selic, passam, agora, a ter rentabilidade bruta na casa de 8,75% ao ano. Desse porcentual, no entanto, é preciso descontar o IR e a taxa de administração.

Com medo de uma forte migração para a poupança, o governo anunciou, em maio, novas regras para a modalidade, que só entrarão em vigor (se passarem pelo Congresso) em 2010. Fundos DI e de renda fixa são os maiores detentores dos títulos do governo. Se pessoas e empresas migram maciçamente para a caderneta, cria-se um problema para a rolagem da dívida pública federal.

Até agora, os especialistas não verificam uma migração preocupante para a caderneta. No primeiro semestre, os saques superaram os depósitos em R$ 1,7 bilhão. Em julho, porém, o resultado se mostra mais forte. Até o dia 16, a captação líquida estava positiva em R$ 5,5 bilhões.

O professor de finanças Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, não acredita em uma migração dos fundos de renda fixa e DI para a poupança. "O que poderemos ver daqui para a frente é um fluxo maior de novos investidores para a caderneta", afirmou.

De olho nessa possibilidade, os principais bancos de varejo do País anunciaram nas últimas semanas reduções no valor da aplicação mínima de vários fundos de investimento. Na prática, a medida equivale a uma queda das taxas de administração, uma vez que investidores poderão migrar, dentro da própria instituição, para produtos com taxas menores.

Para Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), a poupança é, hoje, a melhor opção para investidores de perfil conservador com até R$ 50 mil disponíveis para aplicar.

Colombo observa que o investidor deve ser paciente antes de tomar qualquer decisão. "O impacto desse corte da Selic só ficará claro para o investidor de fundos no começo de setembro", ponderou. "Nesse momento, o investidor deve comparar os rendimento do fundo com o da poupança, e só aí decidir."

IMPACTO NO BOLSO

Alíquota de IR de 22,5%

Na média, só são competitivos ante a poupança os fundos com taxa de administração abaixo de 1% ao ano

Alíquota de IR de 15%

Na média, só são competitivos ante a poupança os fundos com taxa de administração abaixo de 2% ao ano

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