Título: Mercado interno é atrativo
Autor: Chade,Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2009, Economia, p. B6

Para analisar, consumo em alta conquista investidor

Marcelo Rehder

A pesquisa da confederação de Desenvolvimento e Comércio (Unctad) da Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou as expectativas de analistas brasileiros de que o Brasil se consolida como um dos principais pólos de atração de investimento direto estrangeiro.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luiz Afonso Lima, os principais atrativos de investimentos estrangeiros para o País são a dimensão do mercado interno e o crescimento do consumo.

¿Há tres anos, em 2006, estávamos na oitava posição entre os países emergentes que mais atraem investimentos diretos estrangeiros¿, diz Lima. ¿Em 2008, já tínhamos pulado para a quarta posição, e este ano devemos ultrapassar a Rússia e galgar o terceiro lugar.¿

O economista chefe da MB Associação, Sergio Vale, ressalta que a atual atratividade da economia brasileira em relação aos investimentos estrangeiros é fruto de medidas tomadas ao longo dos últimos 20 anos. ¿Hoje, o País é visto como seguro, previsível, e isso para o investimento é essencial¿, afirma economista. ¿Nós temos um horizonte de longo prazo hoje que não existiu dez, vinte anos atrás.¿

A expectativa da Sobeet para o ingresso de investimentos estrangeiro de investimentos estrangeiros no Brasil este ano é de US$ 25 bilhões. ¿Se colocar no contexto da crise, isso não é pouca coisa¿, diz o presidente da entidade. Se a previsão se confirmar, embora abaixo do recorde de R$ 45 bilhões do ano passado, o seria o quarto maior montante dos últimos dez anos.

No entanto, o economista da MB Associados adverte que a credibilidade que o País ganhou em vinte anos de esforços pode ser perdida se algo errado for feito. ¿Os dois calcanhares de Aquiles do governo são justamente os que mais estão sendo distorcidos hoje.¿

As agencias regulatórias, segundo o economista, estão num processo gradual e perda de poder esde o início do governo Lula. ¿Pode ainda não afetar o investimento estrangeiro, mas gradualmente a insegurança institucional poderá começar a aparecer. Basta uma medida errada nos próximos anos sobre o assunto para desmontar toda a credibilidade que se criou.¿

O outro ¿calcanhar de Aquiles¿ é a questão é fiscal. O economista frisa que a situação das contas públicas ainda não é problema, pois a sustentabilidade da dívida está garantida. ¿O problema é se o curto prazo vira um longo, ou seja, se o próximo governo fica tentado a manter uma política concreta de aumento de gastos,¿ afirma vale. ¿Isso é um risco que pode começar a aparecer em 2010 sobre 2011, mas no momento ainda não é um problema macroeconômico grave, é um problema micro extremamente grave, mas ainda não afugenta investidor estrangeiro.