Título: Argentina não vai suspender licenças de importação, afirma secretário
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2009, Economia, p. B3

A Argentina aproveitou ontem a reunião de ministros, que antecede a 37ª Cúpula do Mercosul, para enfatizar que não vai suspender as licenças de importação aplicadas desde setembro. "Temos de considerar que essas medidas, legítimas, são importantes também para a estabilidade dos países vizinhos", disse o secretário de Relações Econômicas da chancelaria argentina, Alfredo Chiaradia.

Essa posição antecipa o fracasso do encontro da Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral, na qual são discutidas as pendências entre os dois países, nos dias 27 e 28 em São Paulo. Também deverá azedar a conversa reservada que a presidente Cristina Kirchner, da Argentina, pretende manter hoje com Lula da Silva, à margem da cúpula, em Assunção.

Reforça, portanto, a tendência de o Brasil levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), como defendem empresários brasileiros e setores do Ministério da Fazenda. A questão poderá ser discutida na reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o órgão interministerial que dá a palavra final sobre controvérsias, em 26 de agosto.

Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que as licenças atingem 13,5% das exportações do Brasil para a Argentina e facilitam a substituição de produtos brasileiros por equivalentes chineses no mercado argentino.

Chiaradia disse que a medida têm origem na crise global, não na atividade comercial. Por várias vezes, bateu discretamente no Brasil ao acusar o País de aplicar "tarifas disfarçadas" sobre importações da Argentina.

O secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, limitou-se a sugerir que os sócios do Mercosul, ao aplicar medidas protecionistas, o façam de forma a não prejudicar o comércio regional e a integração do bloco em longo prazo.