Título: Indústria dá leves sinais de reação
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2009, Economia, p. B5

Sondagem da CNI mostra que as grandes empresas interromperam o processo de queda da produção

Renata Veríssimo, BRASÍLIA

As grandes empresas interromperam a tendência de queda na produção no segundo trimestre de 2009 e devem ajudar na retomada da atividade industrial das pequenas e médias empresas no segundo semestre, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

"É um bom sinal porque são as grandes, as primeiras a saírem da crise. Ao saírem, devem aumentar a sua demanda e puxar as pequenas e médias", afirmou o economista da CNI, Renato da Fonseca.

A retomada da indústria, no entanto, deve ser gradual. A pesquisa mostrou que o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) continua abaixo dos patamares dos últimos anos e os estoques estão acima do planejado.

"A recuperação virá no segundo semestre, mas não dá para afirmar que será no terceiro trimestre. As pequenas e médias indústrias ainda têm queda na produção", disse. Mas a sondagem mostra que a intensidade da retração para estes dois segmentos foi menor que no primeiro trimestre de 2009.

O Nuci ficou em 69% no segundo trimestre, mesmo patamar de 2003. Entre 2004 e 2008, o índice esteve sempre acima dos 70%. No segundo trimestre de 2008, foi de 77%.

Segundo a CNI, 52,4% das empresas operaram abaixo do usual para o período e apenas 6% responderam estar com o nível de utilização do parque fabril acima dos anos anteriores.

"O ritmo de investimento virá mais devagar", ponderou Fonseca. Essa é a primeira vez que a CNI incluiu a capacidade instalada na Sondagem Industrial, um levantamento trimestral, que ouviu 1.513 empresas entre 30 de junho e 17 de julho. Além de operar com folga, a indústria ainda não conseguiu eliminar os estoques. Esse resultado sinaliza que a indústria continuará o processo de ajuste de estoques no terceiro trimestre. Por isso, o ritmo de recuperação da atividade produtiva deve ser mais lento.

A indústria, no entanto, está otimista quanto ao aumento da demanda no mercado doméstico. No caso das pequenas e médias empresas, é a primeira vez este ano que as expectativas são positivas. Por isso, o setor também espera aumentar a compra de matérias-primas. Em relação às exportações, os empresários continuam prevendo queda este ano, mas avaliaram que a intensidade da retração do mercado externo pode ser menor que a apontada na pesquisa anterior.

A falta de demanda perdeu importância entre os problemas enfrentados pela indústria. A elevada carga tributária lidera a lista

As altas taxas de juros estão em quarto lugar no ranking de problemas, mas também perdeu importância na comparação com a pesquisa anterior. Por outro lado, a taxa de câmbio ganhou relevância para as grandes empresas, de 17,7% para 27,5% no segundo trimestre o porcentual de respostas que indicam este problema.