Título: Dívida federal cresce 3,3% em junho
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2009, Economia, p. B9

Aumento reflete empréstimo de R$ 26 bi em títulos ao BNDES

Adriana Fernandes, BRASÍLIA

A dívida pública federal (interna e externa) aumentou em junho R$ 46 bilhões e fechou o primeiro semestre em R$ 1,43 trilhão, informou ontem o Tesouro Nacional. O forte aumento do endividamento do governo federal num único mês refletiu, sobretudo, o empréstimo de R$ 26 bilhões em títulos públicos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Foi a segunda parcela do financiamento de até R$ 100 bilhões que o governo decidiu fazer para aumentar a capacidade do BNDES de emprestar ao setor produtivo após a crise mundial.

Para não afetar as condições de mercado, o BNDES vai vender gradualmente os papéis no mercado secundário. A maior parte dos títulos emitidos para o banco - R$ 19,5 bilhões - foi com correção prefixada. Se não fosse o empréstimo ao BNDES, a dívida poderia ter fechado o período em um nível próximo de R$ 1,39 trilhão, de dezembro do ano passado, porém com uma menor parcela de prefixados, títulos considerados de menor risco para o governo.

Em maio, o Tesouro já tinha repassado R$ 13 bilhões ao banco estatal, mas naquela operação foram utilizados recursos do caixa e o BNDES não precisou ir ao mercado para vender títulos. No primeiro semestre, a dívida cresceu R$ 37 bilhões. O impacto da correção dos juros no estoque da dívida alcançou R$ 50,68 bilhões. A dívida só não aumentou mais no período porque o Tesouro resgatou mais papéis do que emitiu ao longo do ano.

Apesar do nível de 9,25% da taxa Selic em junho, o custo médio da dívida em 12 meses fechou o mês em 14,07% ao ano. Para o coordenador de operações do Tesouro, Fernando Garrido, isso não significa que o custo da dívida está mais caro para o governo do que deveria. "A dívida tende a acompanhar a taxa de juros da economia. Eu não diria que o custo da dívida é caro em relação à taxa de juros (Selic)." Garrido observou que há uma tendência de redução do custo da dívida.

De acordo com o Tesouro, a fatia prefixada subiu de 28,15% para 30% do total devido. E participação de títulos atrelados à taxa Selic caiu de 36% para 34,8%. Segundo Garrido, o Tesouro continuará emitindo títulos prefixados até o fim do ano, apesar de o volume estar próximo ao limite máximo de 31%, segundo a meta do ano pelo Plano Anual de Financiamento (PAF).

A participação de estrangeiros subiu em junho para 6,09%. Em maio, era de 5,84%. Nos últimos três meses, tem havido um retorno gradual dos estrangeiros na compra de títulos.