Título: Nota de Mercadante deixou situação do presidente da Casa mais frágil
Autor: Nossa, Leonencio; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2009, Nacional, p. A4
A situação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou mais frágil depois que a bancada do PT decidiu pedir formalmente seu afastamento do cargo. Apesar de terem sido enquadrados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os senadores petistas se rebelaram e querem a renúncia de Sarney.
Se a saída do PT da base de apoio ao presidente do Senado for concretizada, os governistas estão certos de que ficará cada vez mais difícil manter a maioria dos senadores em sua defesa. Hoje, Sarney ainda contaria com o apoio de 45 senadores - alguns até do PT, uma vez que a bancada do partido está dividida. Mesmo assim, entre eles 37 terão de disputar eleição para renovar o mandato no ano que vem, o que os deixaria mais suscetíveis à mudança de opinião.
"Não acredito que a bancada do PT tenha sido consultada sobre essa decisão de pedir o afastamento de Sarney", disse o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), ao referir-se à nota do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP).
A sustentação de Sarney no cargo ficou mais difícil com o recesso parlamentar, que termina esta semana. Os senadores foram para suas bases e ouviram cobranças fortes de eleitores. A pressão sobre Sarney restringe-se, no entanto, a sua renúncia da presidência do Senado. Ninguém quer cassar seu mandato, apesar das evidências de que teria faltado com o decoro parlamentar ao determinar a contratação de namorado de sua neta por ato secreto, conforme revelou o Estado.
"Não há sentimento neste momento de cassar o Sarney. Mas ele perdeu as condições de presidir o Senado e precisa ser investigado", defendeu ontem o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
"Entendo que ele (Sarney) quebrou o decoro e tem de ser investigado", reforçou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). "Mas com ele na presidência não terá isenção nem legitimidade para fazer transformações no Senado."
A avaliação tanto da oposição quanto da base aliada é de que as denúncias contra Sarney ficarão de lado, assim que ele deixar o cargo. Ao mesmo tempo em que a pressão sobre ele será estancada, sua renúncia vai desencadear o processo de sucessão no Senado, transformando-se no tema principal da Casa.