Título: Ação do PSDB contra Sarney sai hoje e Duque deve arquivar
Autor: Colon, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2009, Nacional, p. A6
Partido decidiu juntar suas quatro denúncias em uma só representação por quebra de decoro parlamentar
Eugênia Lopes
O PSDB deve entrar hoje com representação no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por falta de decoro parlamentar. Segundo o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM), o partido decidiu fazer apenas uma representação, que engloba as quatro denúncias já apresentadas por ele ao conselho no mês de julho.
"É provável que apresentemos hoje a representação", disse ontem o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que vem hoje a Brasília para assinar a papelada com o pedido de investigação. Além do PSDB, o DEM também estuda pedir a abertura de processo por falta de decoro contra Sarney, assim que o Congresso voltar a funcionar, em agosto.
A representação do PSDB será a segunda contra Sarney apresentada ao Conselho de Ética. A primeira foi do PSOL. Mas as representações e as quatro denúncias feitas por Virgílio terão dificuldade de avançar no colegiado. Os aliados blindaram Sarney no conselho, indicando apenas senadores fiéis ao peemedebista e sem grandes preocupações eleitorais.
É o caso do presidente do conselho, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), que deverá arquivar as representações e as denúncias. Duque é segundo suplente do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e não pretende disputar nenhum cargo em 2010. A oposição já avisou que vai recorrer ao plenário do conselho, caso ele engavete as denúncias. Mas, dos 15 votos no conselho, dez são de governistas escolhidos a dedo para votar a favor de Sarney.
DENÚNCIAS
Virgílio já protocolou quatro denúncias contra Sarney, após revelações feitas pelo Estado. A primeira pede a apuração sobre parentes e afilhados políticos do peemedebista nomeados por atos secretos. A segunda pede a investigação de Sarney pela suspeita de que ele teria interferido a favor de seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, sócio da empresa Sacris, que opera crédito consignado na Casa.
A terceira denúncia solicita investigação da suspeita de Sarney interferir a favor de fundação que leva seu nome e teria desviado R$ 500 mil para empresas fantasmas da família de patrocínio de R$ 1,3 milhão da Petrobrás. A última denúncia trata da contratação, por ato secreto, de namorado de sua neta. Já existem duas representações do PSOL no Conselho de Ética: uma contra Sarney e outra contra o ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Ambas pedem a investigação dos atos secretos.