Título: Com recessão, Doha é inviável
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/07/2009, Economia, p. B10

Declaração é do secretário de Comércio da India

Jamil Chade, GENEBRA

Aliada do Brasil no G-20, a Índia também deixa claro que não há como falar em conclusão da Rodada Doha diante da recessão e da resistência dos países em abrir seus mercados. A Organização Mundial do Comércio (OMC) vai completar uma década de negociações sem nenhum resultado, sem corte de subsídios ou abertura do setor agrícola ou qualquer vantagem concreta para os países em desenvolvimento.

No ano passado, a Índia foi acusada pelo fracasso na negociação. Agora, o governo indiano aponta que a crise afetou a capacidade e a vontade de governos de chegar a um acordo. Rahul Khullar, secretário de Comércio da Índia, deixou claro que um acordo está fora do alcance enquanto governos enfrentam protestos em razão de perdas de empregos e falta de crescimento econômico.

Segundo a OMC e a ONU, o desemprego deve aumentar ainda mais no segundo semestre deste ano, com implicações políticas que ainda não foram sentidas. O mundo, de acordo com a ONU, terá 240 milhões de desempregados até o fim do ano, 60 milhões a mais que em 2007. As declarações indianas ocorrem a menos de dois meses da reunião ministerial - na Índia, dias 4 e 5 de setembro - cuja missão é resgatar o processo e permitir que a reunião do G-20, nos Estados Unidos, em setembro, tome uma decisão clara sobre Doha.

"Acho que políticos terão muita dificuldade em vender a ideia de um acordo de comércio. Se não houver uma retomada econômica nos próximos seis meses, não haverá nenhum movimento na área comercial", declarou ele ao Financial Times. Enquanto Doha patina, medidas protecionistas proliferam pelo mundo. Outro obstáculo é a recente mudança de governo nos EUA e dos negociadores indianos.