Título: Saldo da balança comercial cai 12% em julho
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2009, Economia, p. B3

Antecipação dos embarques de soja para junho reduziu as exportações em julho e foi o principal fator da queda

Renata Veríssimo

Depois de vários meses apresentando crescimento em relação ao ano passado, o saldo da balança comercial mostrou queda de 12%, em julho, na comparação com julho de 2008. E o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, disse que o recuo pode continuar durante o segundo semestre de 2009.

O superávit de US$ 2,93 bilhões no mês passado foi ainda 36% menor que o de junho. Segundo Barral, o principal fator foi da queda do superávit em relação a julho de 2008 foi a redução das exportações de soja.

De acordo com o secretário, dois fatores devem contribuir para o enfraquecimento do saldo comercial nos próximos meses: o dólar barato, que incentiva às importações e desestimula as exportações, e o preço mais baixo das commodities este ano em relação ao último trimestre de 2008.

"O câmbio tem efeito de incentivo às importações. Se tiver aumento das importações de insumos, pode ter queda de saldo no segundo semestre." O secretário, no entanto, ainda espera que a balança apresente um superávit importante este ano. De janeiro a julho, o saldo é de US$ 16,91 bilhões, 15,6% maior que no mesmo período do ano passado.

O ministério mantém a expectativa de que as exportações vão chegar a US$ 160 bilhões em 2009, o que representaria queda de 20% em relação a 2008. Em julho, as vendas somaram US$ 14,1 bilhões, 30,8% a menos do que em julho de 2008.

Segundo Barral, a queda se deve principalmente à antecipação dos embarques de soja, que este ano ocorreram em junho. Como no ano passado a maior parte das vendas externas de soja foi feita em julho, a base de comparação ficou elevada. O País exportou US$ 768 milhões a menos do que em junho e US$ 540 milhões a menos que em julho de 2008.

No entanto, segundo dados do ministério, as exportações recuaram em todas as categorias. Nos manufaturados, por exemplo, a queda foi de 33,6%, enquanto os semimanufaturados apresentaram recuo de 41,5%. Nos básicos, a redução foi de 23,1%. Os manufaturados responderam por 42,9% das exportações de janeiro a julho, percentual quase igual aos 42,6% dos básicos. De janeiro a julho de 2008 a fatia dos básicos estava em 36,3% e dos manufaturados em 47,3%.

A redução dos embarques de soja foi o principal motivo da queda de 21,7% nas exportações à China, maior parceiro comercial do País. Para toda a Ásia, a queda foi de 13,4%. Os dois mercados são os únicos em que as exportações cresceram este ano. Para a China, o aumento é de 25,7% e para a Ásia , de 9,5%, em relação aos sete primeiros meses de 2008. Para os outros destinos, houve queda das vendas em julho e no acumulado do ano. "Alguns mercados importantes, como EUA, Europa e Argentina ainda não retomaram o nível de compra que tiveram no ano passado", disse Barral.

A redução no superávit comercial em julho foi influenciada também pela alta das importações, que somaram US$ 11,2 bilhões, com 4% a mais do que em junho. As compras subiram pelo terceiro mês seguido. Segundo Barral, o efeito da desvalorização do dólar ainda não chegou à balança comercial.