Título: Relação dívida/PIB tem sétima alta seguida
Autor: Nakagawa, Fernando; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2009, Economia, p. B4

Mesmo com o resultado melhor que o esperado das contas públicas em junho, o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a subir no mês passado, na sétima alta consecutiva.

Entre maio e junho, o número subiu de 42,6% para 43,1% e atingiu o pior patamar desde fevereiro de 2008. No semestre marcado pela queda da arrecadação de impostos e aumento do gasto público, o índice aumentou o equivalente a 4,3 pontos porcentuais do PIB.

Assim como nos últimos meses, a dívida cresceu porque a economia feita pelo governo foi insuficiente para quitar a conta dos juros que tem de ser paga mensalmente. Sem dinheiro para pagar o serviço da dívida, o governo foi obrigado a se endividar ainda mais para fechar a conta do mês, o chamado déficit nominal. Dessa forma, a dívida cresce. Isso ocorreu mesmo com a queda nos gastos com juros.

Segundo o Banco Centrtal (BC), além do déficit nominal, a valorização do real de 1,09% no mês passado também contribuiu para o aumento da relação entre a dívida e o PIB, pois gerou efeitos negativos sobre os ativos vinculados à moeda norte-americana. No caso do governo, o maior ativo em dólares são as reservas cambiais superiores a US$ 200 bilhões. Como o dólar caiu ante o real, o efeito foi um aumento da dívida líquida.

No fim de junho, o total de débitos do setor público - governo federal, Estados, municípios e estatais - atingiu a marca de R$ 1,25 trilhão no mês passado. Para julho, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, espera que o indicador siga estável em 43,1%.

Em entrevista, Altamir atenuou a preocupação com a evolução do indicador, que subiu ininterruptamente nos últimos meses e sofreu ainda mais no mês passado, com a retirada da Petrobrás do cálculo das contas públicas.

"A evolução da dívida não é explosiva; a dinâmica se mostra bastante favorável para 2009", afirmou Altamir, ao citar que a estimativa oficial para o indicador, no fim do ano, é de 41,4%.

Segundo Altamir, caso o governo federal utilize integralmente a faculdade de retirar do superávit primário a margem de 0,5% do PIB correspondente ao Projeto Piloto de Investimento (PPI), a relação dívida/PIB pode atingir 41,9% no fim do ano.