Título: Codefat perde equilíbrio de forças após racha
Autor: Sobral, Isabel; Lima, Rejane
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2009, Economia, p. B5

Saída de quatro entidades empresariais provoca dúvidas sobre funcionamento do órgão, que deve ser tripartite

Isabel Sobral e Rejane Lima

A decisão de quatro entidades empresariais de abandonar o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) deixou os técnicos que assessoram o conselho perdidos sobre o funcionamento do órgão a partir de agora. A dúvida principal é com relação à representatividade do conselho, já que a lei afirma que a sua formação deve ser tripartite e igualitária.

Antes da saída das entidades patronais, a bancada dos empresários tinha seis entidades; a dos trabalhadores, seis centrais; e a do governo, seis ministérios. "Obviamente, o conselho agora ficou manco", comentou um assessor que não quis ser identificado.

Na terça-feira, representanrtes das confederações nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC), da Agricultura (CNA) e das Instituições Financeiras (Consif) renunciaram à sua participação no Conselho Deliberativo.

REAÇÃO

A rebelião das quatro entidades, que participam do Codefat desde a sua criação em 1990, foi uma reação à eleição para o biênio 2009/2010 do presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese. As entidades acusam o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, de ser responsável pela manobra que resultou na eleição de Nese. Em Praia Grande, onde participou ontem da abertura do 6º Congresso da Forlça Sindical, Lupi classificou as acusações de "levianas".

A CNS foi criada em dezembro do ano passado, com apoio de Lupi. O mandato do novo presidente do Codefat começará no próximo dia 3 de agosto. Ele substituirá o atual presidente, o representante da Força Sindical Luiz Fernando Emediato. A confusão ocorreu porque já havia um acordo prévio para eleger o representante da CNA, Fernando Antonio Rodriguez.

Até agora, não se sabe qual será a saída: estão na mesa as possibilidades de se convidar outras confederações empresariais - como a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e a Confederação Nacional da Saúde (CNS) - para integrar a bancada dos empresários ou de reduzir a representação das outras duas bancadas. Com isso, as forças dentro do conselho seriam reequilibradas.

No entanto, não se descarta a possibilidade de as quatro entidades patronais voltarem atrás e negociarem uma alternativa para retornar ao conselho. Assessores do Codefat explicaram que, na reunião de terça-feira, apresentaram suas renúncias, mas a direção de cada confederação ainda não se manifestou formalmente sobre a decisão de deixar o conselho.