Título: Mantega quer tranquilizar investidores
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2009, Economia, p. B3

Em encontro em Washington, ministro vai garantir que meta de superávit será cumprida

Fabio Graner, BRASÍLIA

No encontro que terá amanhã com investidores internacionais, em Washington, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende reforçar a mensagem de que o Brasil não vai abandonar a austeridade fiscal e cumprirá as metas de superávit primário de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), para este ano, e de 3,3% do PIB para o ano que vem, segundo uma fonte da equipe econômica.

Mantega iniciou ontem uma série de reuniões na capital americana. E se reuniu com os representantes brasileiros no Banco Mundial (Bird) e no Fundo Monetário Internacional (FMI). Hoje, o ministro da Fazenda deverá se encontrar com o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.

A ideia do encontro entre Mantega e Geithner, além de mostrar que o Brasil está se saindo melhor que a maioria dos países nessa crise internacional, é transmitir a mesma mensagem de tranquilidade no front fiscal.

Trata-se do mesmo tom que o ministro da Fazenda tentou passar na semana passada, depois do anúncio de que o governo federal tinha apresentado déficit em junho, o que causou preocupação no mercado financeiro.

A Agência Estado apurou que o ministro está preocupado em evitar o que alguns técnicos da Fazenda chamam de "histeria fiscal" do mercado, ou seja, a exacerbação dos temores de um descontrole das contas públicas.

Apesar do inequívoco aumento de gastos correntes e de pessoal, o governo tem defendido que esse crescimento se deve em grande parte às ações sociais.

Além disso, a equipe econômica tem enfatizado sempre que pode que não há risco fiscal - leia-se a permanência de resultados primários fracos, que levem a uma escalada da relação dívida líquida/PIB.

ÊNFASE NO SUPERÁVIT

Não é à toa que na semana passada Mantega fez questão de dar ênfase ao discurso de que em 2010, em pleno ano de campanha eleitoral, o governo vai fazer um superávit primário maior do que neste ano, cujo esforço foi relaxado para evitar uma queda muito forte da economia.

Vale lembrar, contudo, que no ano que vem o governo poderá fazer uso do Fundo Soberano do Brasil (FSB), medida descartada para este ano.

O FSB conta com cerca de 0,5% do PIB e sua utilização em 2010 pode significar que o governo, mesmo cumprindo uma meta maior de superávit primário, não apertará muito os cintos dos gastos.