Título: OMS quer medir impacto da vacina
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2009, Vida, p. A21

Doses contra a gripe suína devem ser encaminhadas aos países a partir do próximo mês; Brasil terá lote em 2010

Jamil Chade, GENEBRA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem que as primeiras campanhas de vacinação contra a gripe suína começam no próximo mês, mas solicitou que os governos intensifiquem o monitoramento do impacto da vacina, já que muitos testes clínicos serão suspensos para permitir que o produto chegue com rapidez ao mercado.

No Brasil, a OMS indica que o Instituto Butantã teve sua produção aprovada por uma missão internacional. As doses serão colocadas à disposição do governo em 2010. "O Brasil recebeu amostras do vírus e teve a produção aprovada por uma missão da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Mas o processo ainda levará alguns meses", disse a diretora de vacinas da OMS, Marie Paule Kieny. Segundo ela, o País receberá material da Sanofi-Aventis para suprir as necessidades.

Os outros países sul-americanos estão negociando com a Opas para garantir acesso à vacina. A organização comprará a preços reduzidos de fabricantes internacionais para garantir que o produto chegue aos países mais necessitados da região. Hoje, a Argentina é o país com maior taxa de mortos, depois dos Estados Unidos. Na Europa e nos EUA, pelo menos sete empresas iniciaram testes com a nova vacina. Esses testes definirão quantas doses cada pessoa será obrigada a tomar.

Nesta semana, foi a vez da Novartis anunciar testes com 6 mil pessoas. A Sanofi-Aventis deve iniciar seus trabalhos nos próximos dias. "Devemos ter as primeiras doses aprovadas em setembro", disse a diretora. Na Suíça, 200 postos de vacinação já foram estabelecidos.

Para a OMS, a chegada da vacina em um prazo curto será fundamental para controlar a gripe, que matou mais de mil pessoas no mundo. Apesar disso, a entidade diz que há segurança nas vacinas. Os países europeus e os EUA aceleraram a aprovação das vacinas para garantir que elas estejam prontas antes do inverno no Hemisfério Norte, a partir do fim do ano.

Com a queda na temperatura, as chances de disseminação do vírus A(H1N1) são maiores. Para ter as doses prontas, alguns dos testes clínicos foram flexibilizados e o prazo normal para a fabricação de uma vacina - de seis meses - foi reduzido. Por isso, a OMS quer que os países que planejam vacinar sua população rapidamente realizem uma vigilância "intensa" sobre a segurança. O alerta ocorre um dia após a Agência de Medicamentos da Europa (Emea, em inglês) anunciar planos para acelerar a produção.

"O público precisa ter segurança de que os procedimentos regulatórios determinados para o licenciamento das vacinas pandêmicas, até mesmo os procedimento para a aprovação regulatória, são rigorosos e não comprometem a segurança ou os controles de qualidade", disse a OMS. A entidade pede que autoridades monitorem se pessoas que recebam a vacina vão desenvolver febre, dor no corpo, náusea, desmaios e diarreia.

O que a OMS ainda não sabe é qual será a produção mundial. No melhor cenário, pode ser de 94 milhões de doses no mundo por semana.

SAIBA MAIS

A gripe suína é causada pelo vírus A(H1N1), uma mutação com código genético dos vírus que causam gripes em porcos, aves e seres humanos. É transmitida como qualquer outra gripe, por meio de partículas de saliva, secreção nasal ou contato com superfícies contaminadas

Os sintomas (tosse, coriza, dores de cabeça, de garganta, musculares e nas articulações, além de febre súbita acima de 37,5°C, com possibilidade de vômito e diarreia) surgem de 3 a 7 dias após a infecção

O contágio de outras pessoas pode ocorrer em até 7 dias após o início da doença. Falta de ar, tonturas, fraqueza e desidratação podem ser sintomas de agravamento - consulte um médico para confirmar

Para prevenir o contágio, evite contato prolongado com pessoas com os sintomas. Também é importante lavar as mãos com frequência e se alimentar bem para fortalecer o sistema imunológico