Título: PF pede cópia de grampo com Sarney e filho
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2009, Brasil, p. A9

A Polícia Federal do Distrito Federal, que investiga os atos secretos do Senado, requisitou à Justiça Federal do Maranhão cópias da interceptação telefônica em que o presidente José Sarney (PMDB-AP) aparece tratando com o filho, Fernando, da contratação no órgão do namorado de uma neta. Para a PF e para o Ministério Público Federal, o diálogo é um indício do envolvimento do senador no caso dos atos. Dias depois da conversa, o namorado da neta de Sarney foi contratado no Senado por meio de um ato secreto assinado pelo então diretor-geral do órgão, Agaciel Maia, aliado do senador. Fernando Sarney foi grampeado com autorização judicial na investigação que levou à Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. Assim que o material chegar a Brasília, PF e Ministério Público Federal do DF vão encaminhá-lo à Justiça, que o repassará ao Supremo Tribunal Federal. Como o senador tem foro privilegiado, a investigação ficará sob responsabilidade do Supremo -e dependerá também de uma manifestação favorável da Procuradoria Geral da República. Os crimes investigados serão os mesmos apurados até o momento: peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção passiva privilegiada e prevaricação. A assessoria de imprensa da Presidência do Senado disse que Sarney não vai se manifestar sobre o caso. A mudança de jurisdição do inquérito dos atos secretos desagradou aos investigadores, já que a apuração, agora, levará mais tempo. A pedido do Ministério Público Federal do Distrito Federal, a PF começou a investigar os atos secretos no último dia 9. Antes, uma comissão de sindicância do Senado responsabilizou sete servidores pela medida e abriu processo administrativo contra os ex-diretores Agaciel e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos). Na semana passada, como forma de tentar responder à crise que enfrenta desde que assumiu o Senado (em fevereiro), Sarney determinou a anulação dos atos secretos. O inquérito que apura o mercado de crédito consignado na Casa, ainda em andamento, também passará por mudanças. O responsável é o delegado Gustavo Buquer, que também investiga os atos secretos. O caso será dividido em dois: um sobre crimes contra a administração pública e outro sobre crimes financeiros. A intenção da PF é agilizar a apuração. (LUCAS FERRAZ)

Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília