Título: BNDES terá programa para financiar o pré-sal
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2009, Economia, p. B8

Banco quer oferecer empréstimos às empresas do setor de petróleo nas mesmas condições da Ásia

COSTA DO SAUIPE (BA)

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, pretende apresentar ao governo um estudo que visa a ajustar as condições de crédito no Brasil às asiáticas.

"Acredito que os países asiáticos funcionam com taxas de juros muito baixas, com carência, esquema de seguro e tratamento tributário muito generosos, em alguns casos, até com algum tipo de subsídio. Existe um regime de financiamento e tributário muito favorável na Ásia", disse Coutinho.

A ideia se encaixa na intenção do governo de desenvolver a cadeia produtiva de petróleo para que o País se beneficie dos investimentos previstos no Plano Estratégico da Petrobrás, de US$ 174 bilhões até 2013. O estudo do BNDES revelou que esse plano deve resultar em outros US$ 80 bilhões em investimentos no setor em 10 anos.

Segundo Coutinho, essa é uma questão que precisa ser levada em conta quando se pensa em uma política de incentivo ao desenvolvimento da indústria de sustentação do setor. "Temos que empatar o jogo em termos de financiamento e tributação", afirmou.

Ele informou que um grupo de técnicos do BNDES e da Petrobrás visitaram polos industriais na Ásia para fazer o primeiro diagnóstico das necessidades de suporte aos investimentos da Petrobrás. O estudo mapeia segmentos que podem se desenvolver, os que precisam de readaptação e as áreas em que o governo deve atrair investidores estrangeiros.

"Um marco regulador do pré-sal precisa ser completado com um conjunto de políticas para apoiar e desenvolver a cadeia produtiva, que é a missão do BNDES", disse.

Coutinho ressaltou que o Brasil não quer ser apenas exportador de petróleo e sinalizou que o projeto do novo marco regulatório do pré-sal deve incluir regras de índice de conteúdo nacional. "Há uma indicação de que a política deve conciliar o ritmo de exploração com a obtenção do índice de nacionalização", disse. "Há uma diretriz muito clara a esse respeito, sem fixar ou engessar em porcentuais."

O presidente do BNDES, que participou do encontro anual de conselheiros do Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, lembrou que essa é a diretriz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Esperamos que a oportunidade do pré-sal seja uma oportunidade também industrial", concluiu.

INCENTIVO

Sobre as recentes medidas do governo de estímulo à compra de máquinas, Coutinho avaliou que já estão dando resultado. O banco já identificou expansão de 10% a 15% nos pedidos de financiamento em segmentos como o da construção e da agricultura nas linhas do Finame em agosto. "As indicações que temos ainda não dão para tirar uma tendência, mas, já são animadoras", afirmou. "Já estamos vendo um sinal."

Segundo ele, a meta da instituição é fechar o ano com R$ 130 bilhões em desembolsos, cifra que corresponde a um crescimento de 43% em relação ao registrado em 2008. Até julho, os desembolsos do BNDES somam R$ 121,9 bilhões, incluindo R$ 25 bilhões liberados para a Petrobrás. Já há R$ 150 bilhões em financiamentos aprovados.