Título: Economia melhora avaliação das cidades
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2009, Nacional, p. A12

Índice elaborado pela Firjan, com dados de 2006, indica que metade dos municípios brasileiros tem alto ou moderado desenvolvimento humano

Pouco mais da metade dos municípios do Brasil conseguiu ultrapassar a linha do que é considerado alto e moderado desenvolvimento humano, mas a conquista está mais ligada ao ritmo do crescimento da economia antes da crise econômica do que a políticas estruturais em educação e saúde. O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) identificou crescimento de quase 3,5% na avaliação do País entre 2005 e 2006.

O incremento foi puxado pela expansão de quase 10% no fator que avaliou a geração de emprego e renda em 2006, ano em que a economia cresceu 4%. Houve recuo na educação (-0,9%) e avanço modesto em saúde (1,6%), os outros dois fatores que constituem o indicador.

Elaborada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) pelo segundo ano consecutivo, a avaliação mede o desenvolvimento das cidades numa escala que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é a avaliação. O índice foi elaborado para suprir a falta de um indicador anual nos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), da Organização das Nações Unidas (ONU), que só é publicado a cada dez anos.

O resultado divulgado este ano, referente a 2006, indica o crescimento da média brasileira de 0,7129 para 0,7376 em um ano, elevando de 48,9% para 50,6% o porcentual de cidades acima do patamar de 0,6. Em 2000, ano de referência da pesquisa, esse grupo não chegava a 1/3 dos municípios e o índice nacional era de 0,5954, na faixa de desenvolvimento "regular".

A pesquisa indica que o País acelera o passo em direção ao alto desenvolvimento (acima de 0,8), mas o resultado reflete a geração de empregos formais e o aumento da renda, que dependem de fatores conjunturais. Já saúde e educação, que refletem de forma mais consistente o impacto de políticas públicas para a qualidade de vida, contribuíram menos.

"Esperávamos mais estabilidade em saúde e educação porque são variáveis mais estruturais, que levam mais tempo para mostrarem avanços mais significativos", diz Luciana de Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico da Firjan.

O índice de educação em 2000 era 0,5854, em 2005 subiu para 0,6850 e recuou no ano seguinte para 0,6787. Para o economista Patrick Carvalho, chefe da Divisão de Estudos Econômicos da Firjan, o número pode ser interpretado como uma relativa estabilidade no setor, mas não deixa de indicar as dificuldades do País nessa área.

Na saúde, o resultado de 0,7699 indica evolução lenta. O crescimento foi mais expressivo nas regiões mais pobres, resultado que Luciana atribui à expansão do investimento na atenção básica de saúde, à influência do Bolsa-Família e às campanhas de vacinação e pré-natal.

MUNICÍPIOS

São Caetano do Sul (SP) lidera o seleto grupo de 232 municípios (4,2% dos 5.560 analisados) que gozam de alto desenvolvimento (acima de 0,8). A cidade alcançou índice de 0,9524, seguida das paulistas São José do Rio Preto (0,9812) e Indaiatuba (0,9177). Dos 100 melhores municípios, 81 são paulistas. Na outra ponta, Santa Luzia (BA) ficou em último (0,2928).

A pesquisa mostra que o vetor da qualidade de vida se mantém em direção ao interior. No ranking das 100 melhores do IFDM, apenas quatro são capitais: Vitória, São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte.