Título: Jobim reafirma perferência pelos Rafale
Autor: Monteiro,Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2009, Nacional, p. A14

Ministro deixa claro, porém, que parceria depende do compromisso dos franceses em transferir tecnologias

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou, durante depoimento de mais de quatro horas na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, que há uma "preferência política" pela parceria com os franceses na questão da compra dos caças para equipar a Força Aérea Brasília. "Basta que os franceses cumpram com o compromisso de transferir a tecnologia e de valor final", declarou Jobim, ressalvando depois que "o negócio não está fechado" porque surgiram propostas novas, que serão apresentadas pelos norte-americanos, fabricantes do F-18 e pelos suecos, do Gripen, até dia 21.

Jobim ressaltou ainda que, no caso da França, é preciso que a Dassault, empresa que fabrica os Rafale, apresente as propostas confirmando o que foi acertado pelos presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro listou as seis ofertas feitas pela França, registradas na carta que Sarkozy entregou a Lula, e, ao contar que o governo brasileiro se queixou dos altos custos da hora de voo do Rafale, revelou que o presidente francês informou que o custo total seria da ordem 9,8 mil, sem dizer qual era o valor da proposta anterior.

Explicou ainda que, como a fórmula de cálculo da hora de voo do francês é diferente da brasileira, o que ultrapassasse esse valor seria bancado pelo governo da França. Esses dados não foram divulgados oficialmente, mas extraoficialmente sabe-se que os executivos da Dassault que participaram da reunião entre os governos do Brasil e da França, na madrugada de 7 de setembro, teriam chegado a admitir que baixariam em 40% os custos previstos de operação do Rafale (de quase US$ 16 mil por hora/voo para menos de US$ 10 mil). Só que, ao falar para os senadores que a hora de voo seria de 9,8 mil, esse valor não representaria praticamente nenhuma redução.

Na conversa com os parlamentares, Jobim declarou que não está indo a uma "feira de compras". "O Brasil não é Venezuela que compra no supermercado de armas do mundo."

"Ele tentou justificar a escolha do governo, mas não conseguiu", declarou o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), para quem a concorrência técnica da FAB foi "jogada no lixo".