Título: Desemprego pode chegar a 10%, diz OCDE
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2009, Economia, p. B13

A recuperação econômica e financeira está na ordem do dia, mas a do mercado de trabalho não está tão próxima. O alerta foi feito ontem, em Paris, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo a qual a crise custará, entre o fim de 2007 e de 2010, 25 milhões de postos de trabalho em 30 países. Desses, 10 milhões ainda estão a perigo, em grandes potências como Alemanha, França e Itália, nas quais o efeito da recessão sobre o nível de emprego deverá ser retardado.

Os prognósticos - os mais sombrios da entidade desde o fim da recessão na Alemanha e na França no segundo trimestre de 2009 - foram revelados no relatório Perspectivas do Emprego 2009. Conforme o estudo, a taxa mundial de desemprego já atinge 8,5% - o mais elevado desde o fim da 2ª Guerra Mundial. O total pode chegar a 10% da população ativa, ou 57 milhões de pessoas nos países-membros da OCDE, grupo de 30 países, a maioria industrializados, do qual o Brasil não faz parte.

O cenário, sustenta a OCDE, é menos grave em países nos quais a flexibilização do mercado de trabalho é maior, caso de EUA, Reino Unido, Espanha, Irlanda e Japão, onde o pior panorama já se verifica neste momento. ''A maior alta ainda está por acontecer em países como a Alemanha, a França - onde o nível de desemprego pode chegar a 11%, um dos mais elevados da Europa - e a Itália'', diz o relatório. John Martin, da Direção de Emprego da OCDE, lembra que a tendência de degradação do mercado de trabalho virá mesmo com a recuperação econômica. ''Indícios cada vez mais numerosos indicam que o pior talvez já tenha passado e que uma retomada vai se constituir. Mas, em se tratando de emprego, essas perspectivas não são muito reconfortantes.''

Os economistas da instituição dizem que, em decorrência da profundidade da recessão ainda em curso, a falta de vagas pode se tornar um problema ''estrutural'' para parte do contingente de desempregados, levando-os a ficar se trabalho por muito tempo. ''Os governos devem reagir com força se quiserem limitar os custos sociais e econômicos da crise econômica atual e da crise do emprego que lhe é consequente'', diz o texto.

''A primeira prioridade é limitar o número de demissões. A boa notícia é que os governos já têm agido com pacotes de estímulo de larga escala para impulsionar a demanda agregada'', afirmou Angel Gurría, secretário-geral da entidade. Os planos de reaceleração da atividade, diz o ex-ministro da Economia do México, poderão salvar entre 3,2 milhões e 5,5 milhões de empregos em 19 países. COMENTÁRIOS