Título: Empresários estão prontos para voltar
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2009, Cidades/Metrópole, p. C3

Antes da proibição dos bingos, o empresário Jair de Paula era dono de 22 casas de jogatina em oito cidades brasileiras, como Curitiba e Porto Alegre - 18 eram locadas e quatro de sua propriedade. Tinha 12 unidades só na cidade de São Paulo. São dele, por exemplo, os bingos Imperador, na Avenida Sumaré, e Imperatriz, na Rua Estela, no Paraíso (cada um ocupa terreno de cerca de 8 mil m²). Após seus empreendimentos terem se tornado ilegais, abandonou o ramo.

Devolveu 11 dos imóveis alugados e transformou os outros em bufês. "Mas nunca perdi a esperança de voltar ao setor, tanto que mantive intocada a estrutura utilizada para os jogos, como painéis e cartelas, e continuei com a manutenção dos locais", afirma. "Sabia que não demoraria para legalizarem novamente nosso trabalho." Ontem, com a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça do projeto que libera bingos e caça-níqueis no País, Jair ficou contente por não ter se livrado de suas unidades. "Estou pronto para voltar assim que o plenário e o Senado aprovarem a medida", diz. "Pretendo pedir empréstimos para adquirir máquinas, reformar os espaços e contratar os 5 mil funcionários que demiti."

Segundo a Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), a maioria dos investidores do setor pretende, assim como Jair, retornar ao negócio. "Reservei R$ 1,2 milhão para retomar as atividades e também conservei a área interna do meu prédio", conta Olavo Sales da Silveira, presidente do órgão e sócio de um bingo na Rua Augusta. "Consigo abrir as portas no dia que sair a regulamentação." Espera-se, então, que a cidade de São Paulo volte a ter as mais de 180 casas de jogatina que, após terem se tornado ilegais, tinham virado, em sua maioria, galpões abandonados.

Nem todos, no entanto, conseguirão voltar tão rapidamente com seus empreendimentos. "Muitos tiveram de deixar seus pontos por não terem mais renda para bancar os aluguéis", afirma Silveira. "Esses preferiram esperar a legalização para, então, captar dinheiro e buscar novos endereços para seus negócios." Caso do empresário Elias Lemos, que era sócio de dois bingos na capital. "Vou ter de começar do zero, captar dinheiro e localizar novos terrenos."

Não faltarão opções de imóveis. "A maioria deve se mudar para os antigos endereços dos bingos, que viraram elefantes brancos da cidade", analisa a empresária do setor imobiliário Valentina Caran. "Ninguém quis ocupar esses galpões por causa dos altos valores de locação e por terem sido bingos." COMENTÁRIOS