Título: Líder é o que mais recebe ameaças de morte
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2009, Internacional, p. A16

Obama corre risco de atentado quase quatro vezes mais do que Bush

Barack Obama corre grande risco de ser assassinado por supremacistas brancos. A afirmação é de Ronald Kessler, autor do livro In the President"s Secret Service - Behind the Scenes with Agents in the Line of Fire and the Presidents They Protect (O serviço secreto do presidente - Por trás da cena com agentes na linha de fogo e os presidentes que eles protegem), que traz entrevistas com mais de cem agentes responsáveis pela proteção do atual líder americano e seus antecessores.

Todos os dias, Obama recebe em média 30 ameaças de morte. Quase quatro vezes mais do que George W. Bush. Segundo Kessler, o ex-presidente era ameaçado 3.000 vezes por ano - perto de 8 por dia. "Para complicar, cortes de verba deixaram os presidentes americanos mais sujeitos a ataques", disse Kessler ao Estado.

Indagado sobre se a causa para o crescimento nas ameaças seria a posição política de Obama, mais ligado a causas liberais como a reforma do sistema de saúde, Kessler respondeu que não. Ainda que fosse republicano, Obama correria os mesmos riscos. "O problema todo é Obama ser afro-americano. Supremacistas brancos não toleram que ele esteja na Casa Branca", disse. Terroristas da Al-Qaeda também poderiam tentar matar Obama, "mas o objetivo desse grupo é realizar atentados em grande escala", acrescentou, explicando que matar o presidente americano não é uma das prioridades de Osama bin Laden.

Em recentes manifestações em Washington, foram exibidas placas pedindo a morte de Obama, de sua mulher, Michelle, e até mesmo de suas duas filhas. O pastor Steven Anderson disse durante sermão poucas semanas atrás que rezava todos os dias para Obama morrer. Algumas pessoas que ameaçaram Obama já foram presas.

Quando era candidato, Obama recebeu proteção do serviço secreto superior aos seus concorrentes. O temor era o de que ele fosse assassinado como Robert Kennedy, morto quando ainda disputava a presidência no fim da década de 1960.

Tradicionalmente, os responsáveis pela segurança da Casa Branca são republicanos e, de acordo com o livro, elogiam George Bush pai e Ronald Reagan, e criticam Bill Clinton e seu vice Al Gore. "Mas Obama conquistou a simpatia de todos", afirma Kessler. COMENTÁRIOS