Título: Mantega e Meirelles pedem a empresários que voltem a investir
Autor: Nossa,Leonencio ; Monteiro,Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2009, Economia, p. B2
Ministro da Fazenda anuncia, no "Conselhão", que governo prepara medidas para facilitar investimentos
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, convocou ontem empresários a aumentar investimentos para elevar a capacidade de produção e a competitividade do Brasil. "É hora de o empresário se antecipar à expectativa de demanda maior no futuro", cobrou Meirelles em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
À platéia de 90 conselheiros formados por grandes empresários, líderes sindicais e autoridades, Meirelles disse que o investimento é fundamental para que a economia cresça de forma sustentável nos próximos anos. "É importante que os empresários voltem a investir rapidamente. Não esperem a evidência para voltar a investir."
Na platéia, estavam empresários como Abílio Diniz (Pão de Açúcar), Jackson Schneider (Anfavea) e Jorge Gerdau (Gerdau).
Para ajudar nesse esforço, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo prepara uma "agenda da competitividade" que pretende reduzir custos de todas as empresas em três áreas: financeira, tributária e infraestrutura. Ele não deu detalhes das medidas.
"Uma das razões para o Brasil ter sido bem sucedido na crise foi a capacidade do governo de antecipar problemas. Agora, é a vez do empresário se antecipar", disse Meirelles, ao citar que essa é uma necessidade de "todos os setores". "Porque o País está crescendo de forma uniforme." A tese foi reforçada por Mantega, que disse crer que a retomada dos investimentos deve acontecer nos próximos meses. "O investimento é o último que volta, mas acredito que a utilização da capacidade instalada já está sendo absorvida e logo mais teremos o aumento dos investimentos."
Essa preocupação foi exacerbada com o anúncio na semana passada de que o volume de investimentos caiu 17% no segundo trimestre de 2009 ante igual período de 2008. Além disso, a maior capacidade de produção reduz a chance de inflação futura, o que poderia até permitir a retomada da queda dos juros.
Outro "velho problema" da economia, segundo Mantega, é a valorização cambial. Ele afirmou que o governo não pretende mudar o regime de câmbio, mas disse que é preciso um esforço para responder à questão, melhorando a competitividade das empresas. Sem citar qualquer medida, o ministro se limitou a dizer que a valorização do real é reflexo da solidez da economia.
Em discurso após Meirelles e Mantega, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que o corte de impostos poderia ser uma forma de melhorar a competitividade da economia. "É fundamental promover uma desoneração definitiva das exportações e do investimento", disse. "Não nos iludamos. Superamos o pior momento da crise, mas o Brasil tem um imenso desafio nos próximos anos."
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, informou que a projeção de crescimento do PIB para 2010 poderá ser revista dos atuais 4,5% para 5%. Segundo ele, esse assunto está em análise e deverá ser decidido na próxima semana, quando o governo divulga o relatório de receitas e despesas.
Para Barbosa, o País estará no fim de 2010 com expansão superior a 5% e o hiato do produto (diferença entre crescimento efetivo e o potencial) estará fechado.