Título: Conselho do G-20 propõe limitar bônus de bancos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2009, Economia, p. B12

Os bônus pagos a executivos de bancos terão de ser regulamentados e condicionados a critérios de risco e desempenho para evitar novas ameaças ao sistema. Essa será uma das principais propostas que os presidentes dos países do G-20 receberão na próxima semana.

A propostas foram acertadas ontem, em Paris, pelo Conselho de Estabilidade Financeira, criado pelo G-20, e serão encaminhadas aos líderes para deliberações no fim de setembro, nos Estados Unidos. "Fizemos progressos para um mundo financeiro mais seguro, disse Martin Redrado, presidente do Banco de la Nación (banco central) Argentina.

A proposta vem um dia depois que o presidente dos EUA, Barack Obama, disse ser praticamente impossível limitar o pagamento de bônus, pois exigiria ampliar a regra para outros setores.

O conselho foi criado com a missão de desenhar uma nova estrutura para as finanças e é formado pelas maiores economias do mundo, entre eles o Brasil. Dentre as ideias está o maior controle sobre a contabilidade de bancos e o pagamento de bônus a executivos.

A ideia é que a compensação financeira a executivos seja limitada para evitar comportamentos de alto risco por operadores do mercado. A proposta pedirá que os "limites no pagamento de compensações ocorra tendo em vista a necessidade de conservar capital" em um banco.

Mario Draghi, presidente do BC da Itália e do conselho, alertou que a proposta estipula o fim da era em que bancos diziam que o pagamento de bônus era uma questão privada. "Agora está claro que, se o pagamento não estiver alinhado com certos princípios, supervisores terão o direito de interferir", disse.

Americanos e britânicos já deixaram claro que serão contrários a um teto para os bônus. Para evitar o impasse, a proposta é que um guia seja estabelecido, com critérios para lidar com a governança de quem recebe o pagamento, transparência e as estruturas. Se o teto foi abandonado, a ideia é criar uma ligação entre a compensação e o desempenho do banco.

"Os reguladores poderão dizer: seu bônus é grande demais para o capital que seu banco tem", explicou Draghi. O capital de um banco, portanto, seria o próprio limite do pagamento. A ideia é garantir que a compensação esteja de acordo com uma administração adequada de riscos.

A esperança é que, com a proposta delineada por BCs e agências reguladoras exatamente do G-20, a cúpula chegue a um acordo global. Mas há ainda diferenças. A França insistirá na ideia do teto, em parte para dar resposta ao público interno.

A avaliação é que, apesar da normalização dos mercados, a fragilidade ainda é grande e os créditos ainda estão abaixo dos índices de 2008.

O grupo ainda indicou que os lucros obtidos por bancos pode não ser sustentáveis. O conselho apelou para que esses resultados sejam mantidos para que os bancos possam se recapitalizar e conseguir operar depois que os pacotes de ajuda do estado forem retirados.

Para isso, sugerem que bancos limitem não apenas o pagamento de bônus, mas o de dividendos e a compra de ações. O conselho ainda promete pressionar para fortalecer a transparências das folhas de pagamentos dos bancos. COMENTÁRIOS