Título: Mesa põe Suplicy sob investigação da corregedoria
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Naciomal, p. A9
Ele cedeu gabinete para pernoite de manifestantes pró-Battisti
A Mesa Diretora do Senado pediu ontem que a Corregedoria-Geral da Casa investigue a denúncia da Polícia Legislativa de que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) teria permitido que 15 manifestantes pernoitassem no seu gabinete. Suplicy afirma que, em respeito "à dignidade humana", abriu seu gabinete apenas para que as pessoas, entre as quais haveria várias senhoras idosas, utilizassem o banheiro.
Trata-se de um grupo que estava na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira da semana passada, enquanto a corte julgava pedido de extradição do ativista Cesare Battisti feito pelo governo da Itália. Suplicy, assim como os manifestantes, está engajado no movimento contra a extradição de Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país.
"Foi uma entrada fora do expediente. Comuniquei à Mesa, que decidiu encaminhar o caso à corregedoria. Não é um fato grave, mas é um precedente perigoso. É preciso criar critérios, normas para situações como essa", disse o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), ao final de reunião da Mesa Diretora.
Em ofício encaminhado ao corregedor-geral, senador Romeu Tuma (PTB-SP), Suplicy diz que convidou os manifestantes a irem a seu gabinete porque não tinham recebido autorização para usar os banheiros do prédio do tribunal. "Por uma questão de respeito à dignidade da pessoa humana, franqueei a utilização dos toaletes de meu gabinete àquelas pessoas, tendo em vista ser a dependência mais próxima da Praça que, como se sabe, não possui banheiros públicos", diz Suplicy, no documento. Ele afirma ainda que "um dos deveres fundamentais do senador é promover a defesa dos interesses populares". Ele argumenta que "cada senador é senhor do seu gabinete, podendo receber nele qualquer pessoa que seja do seu interesse".
Romeu Tuma recebeu as informações da Mesa Diretora e do senador Eduardo Suplicy, mas, segundo sua assessoria, não começou a analisar o caso ainda.