Título: Sistema seria mais caro, mas não mais eficiente
Autor: Mello,Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Internacional, p. A14

O novo sistema de defesa antímisseis atinge dois alvos estratégicos: poupa gastos, estimados em cerca de US$ 1 trilhão até 2024, e ganha eficiência , dando prioridade à ameaça real das armas guiadas com alcance na faixa de 2 mil quilômetros. O princípio, ambicioso, deriva do projeto Guerra nas Estrelas, que apressou o fim da União Soviética. O ano era 1984 e o presidente, Ronald Reagan. O programa pretendia oferecer ao Ocidente um enorme sistema - no ar, no espaço, em terra e no mar - para bloquear eventuais ataques com ogivas nucleares. Ao reagir, a URSS quebrou, sem recursos para os investimentos necessários, depois seis anos de crise financeira e safras agrícolas frustradas. O empreendimento americano produziu um único outro resultado, a rede mundial de computadores internet.

O projeto, modificado, só seria retomado em 1993 por Bill Clinton. O secretário de Defesa Robert Gates reorganizou os recursos existentes com sucesso. O complexo Aegis, um sofisticado sistema embarcado de combate, é preciso e suficientemente abrangente. Encontrado a bordo de cruzadores, ele pode rastrear cerca de 100 diferentes alvos num raio de 300 quilômetros. Digital, responde aos comandos em tempo real. Será o designador dos mísseis SM-3/IIA, interceptadores de longo alcance e grande velocidade. São armas espetaculares - voam a 9.600 km/hora e podem atingir veículos aéreos localizados num circulo de 500 quilômetros e a até 250 km de altitude. São guiados pelo Aegis e por três outros conjuntos instalados a bordo. A ogiva não é explosiva. Pesa cerca de 400 quilos, é feita de metal enrijecido e atua por energia cinética. Cada SM-3/IIA custa US$ 9,5 milhões. No rastro da bem-sucedida manobra do governo de Barack Obama fica a necessidade de negociar compensações com os governos da República Checa e da Polônia, países que receberiam o escudo - e eventualmente receberão mas, de forma efetiva, só por volta de 2030.