Título: Uribe nega que Colômbia pretenda deixar a Unasul
Autor: Efe;AP
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Internacional, p. A17

Depois de dois de seus ministros terem cogitado da saída do grupo, presidente colombiano reafirma permanência e diz respeitar instituição

O presidente Álvaro Uribe negou ontem que a Colômbia pretenda se retirar da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), como chegaram a cogitar na quarta-feira dois ministros colombianos que participaram da reunião da organização, em Quito, no Equador.

A Colômbia tem sido pressionada pelos outros 11 países-membros da Unasul a apresentar garantias escritas de que seu acordo militar com os Estados Unidos - que prevê o uso de até sete bases militares colombianas por forças americanas - não representa uma ameaça para segurança coletiva da América do Sul.

"A Colômbia é um país que respeita as instituições internas e internacionais. Com certeza, o fato de um país como a Colômbia apresentar seu ponto de vista parece positivo. Essa é a razão de ser dessas instituições, que têm de ser fóruns de muita sinceridade", disse Uribe. "Temos participado de todas as instituições multilaterais."

Na quarta-feira, o ministro colombiano da Defesa, Gabriel Silva, e o chanceler Jaime Bermúdez, disseram, separadamente, que a Colômbia poderia avaliar sua permanência na Unasul por causa do que Silva chamou de falta de "sensibilidade" e "preocupação" dos Estados-membros com "o narcotráfico, o armamentismo e o crime organizado".

A Colômbia queria que, além de seu acordo militar, a Unasul analisasse a compra de armas na região. Uribe também afirmou que seu governo não está, e nem estará, "numa corrida armamentista internacional".

A Unasul foi fundada em março de 2008, por iniciativa do governo brasileiro, e substitui a Comunidade Sul-Americana de Nações (CAN), criada quatro anos antes, com a participação dos mesmos 12 países sul-americanos.

O debate sobre o acordo militar entre Washington e Bogotá é considerado o primeiro grande teste para a organização. Um dos críticos mais radicais do acordo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, considera que a cessão das bases colombianas aos EUA é uma ameaça a sua revolução bolivariana e a integridade territorial da Venezuela.

PAÍSES DA REGIÃO

Brasil - Considera o acordo uma questão soberana da Colômbia, mas exige "garantias jurídicas" contra ações fora do território colombiano

Venezuela, Equador, Bolívia - Qualificam pacto de ingerência externa e ameaça à região. Caracas exige que texto do acordo seja entregue à Unasul, que supervisionaria as instalações usadas pelos EUA

Peru - Único país da região que apoia sem reservas o pacto Washington-Bogotá