Título: Texto terá de passar por ajustes, dizem entidades
Autor: Mendes,Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Vida&, p. A18

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) acreditam que o projeto do governo federal passará por ajustes durante o processo de aprovação no Congresso Nacional.

Em nota divulgada ontem, a Unica cita, entre os aspectos que considera preocupantes, a dificuldade de definição do conceito segurança alimentar. O termo restringiria o plantio da cana pois a planta é utilizada para produzir não apenas energia, como etanol, mas também alimentos, como açúcar.

O presidente da Feplana, Antonio Celso Cavalcanti, acha difícil o projeto prosperar no Congresso do jeito que está, pois vários Estados terão problemas com produtores. "Proibir a queima da cana no Nordeste é impossível. Se eu não queimar, o trabalhador vai lá e queima."

Para Cavalcanti, outro ponto polêmico são as áreas de expansão da cultura, principalmente em Pernambuco. "A expansão só poderá acontecer em áreas devolutas de usinas que se transferiram para o Centro-Sul. Esses locais, porém, já foram para a reforma agrária e não produzem nada."

Cavalcanti, porém, concorda com a necessidade de controlar a expansão da cana, especialmente para evitar o excesso de oferta de matéria-prima ou produtos, como o etanol. "É hora de parar com essa história de exportar álcool sem ter mercado e ainda de incentivar o plantio de cana sem que tenha usina para industrializá-la", afirmou.

O presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Ismael Perina, afirmou que o projeto do governo não apresenta novidades, mas aprovou a iniciativa. "Houve grande preocupação em preservar a Amazônia e o Pantanal. Era o que todos queríamos."