Título: Anfavea divulgará emissões
Autor: Mendes,Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Vida&, p. A18

Ação é resposta ao dado do governo sobre poluentes

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou ontem que vai disponibilizar em seu site (www.anfavea.com.br), a partir da próxima semana, dados de emissões de poluentes referentes ao uso regular dos carros.

A medida, segundo a entidade, tem como objetivo dar transparência ao tema. Nesta semana, o Ministério do Meio Ambiente colocou na internet informações sobre emissões de veículos. A Anfavea diz apoiar a divulgação, porém não concorda com a metodologia escolhida.

"A adoção, como critério, dos níveis de emissão obtidos a partir do controle de produção na fábrica leva a distorções. O veículo ainda não foi amaciado, o que gera alta dispersão dos resultados; a média de emissão, em consequência, é mais alta, quando comparada ao veículo homologado e em campo", diz a entidade em nota.

Os dados do ministério mostram que carros a álcool podem poluir tanto quanto os movidos a gasolina.E um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) divulgado ontem pelo Estado indica que, nos carros com motor flex, quando se usa o álcool, a contribuição para a poluição do ar nas cidades geralmente é maior.

Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, cobrou das montadoras o aperfeiçoamento dos motores flex. Ao comentar o estudo, Minc explicou que do ponto de vista da emissão de dióxido de carbono (CO2) - causador do aquecimento global - o etanol tem impacto zero na atmosfera. Isto porque o CO2 que é emitido pelos motores acaba sendo absorvido nas plantações de cana-de-açúcar.

Por outro lado, disse Minc, os motores que rodam com etanol emitem monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, que não contribuem para a mudança do clima, mas danificam os pulmões humanos. "Vamos apertar as montadoras para melhorar a eficiência dos motores", disse Minc. Em seguida, porém, ele afirmou que quem fará a pressão sobre os fabricantes de veículos são os consumidores.

Segundo José Edison Parro, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), para rodar tanto com álcool quanto com gasolina o motor flex sacrifica um pouco os dois combustíveis, ou seja, há perda de eficiência se a comparação for feita com motores que usam apenas um dos combustíveis. Ele conta que a associação, em conjunto com Petrobrás, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Anfavea, criará um programa inspirado nos Estados Unidos e no Japão para estudar como reduzir as emissões veiculares. No Japão, por exemplo, o programa resultou no uso do diesel com 10 partes por milhão de enxofre. Parte do Brasil ainda usa um diesel muito mais poluente, com 1.800 partes por milhão de enxofre.