Título: Investidor estrangeiro poderá ter até 20% das ações
Autor: Ribeiro,Ana Paula;Abreu,Beatriz
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2009, Economia, p. B7

Segundo governo, ampliação do limite pode significar um aporte de R$ 7 bilhões no banco

O governo autorizou ontem o Banco do Brasil (BB) a emitir recibos de ações ordinárias (ON) na Bolsa de Valores de Nova York e ampliar de 12,5% para 20%, o limite de participação de estrangeiros no capital do banco. Isso permitirá um reforço de R$ 7 bilhões no capital da instituição. A estratégia de atrair capital externo para o BB foi autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União.

Trata-se de um reforço de caixa significativo, só comparável à capitalização de cerca de R$ 8 bilhões feita no governo Fernando Henrique Cardoso. A decisão de ampliar a fatia estrangeira no BB foi adotada porque os dirigentes do banco constataram a resistência dos investidores para novas aplicações. Isso ocorria por causa do limite de 12,5 % do capital estrangeiro no banco que, atualmente, já se situa em 11% - o que corresponde a R$ 8,2 bilhões.

Para a fatia estrangeira chegar ao limite faltava apenas R$ 1 bilhão, valor pouco significativo para atrair investidores institucionais, como Fundos de Pensão e Fundos Soberanos. A legislação de alguns países proíbe a compra de ações direta na Bovespa. Assim, só podem comprar títulos referenciados em dólares, no exterior. Por isso, a decisão de lançar os recibos de ações chamados American Depositary Receipts (ADRs), na Bolsa de Nova York.

O diretor de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, informou que o banco ainda não definiu o prazo e o volume de listagem dos ADRs. "Não é possível saber o valor total porque dependerá da demanda e da decisão dos investidores estrangeiros", disse. Ele explicou que o BB já detinha, desde o governo FHC, autorização para a listagem desses recibos, mas com lastro em papéis preferenciais (PN). Como o banco entrou no Novo Mercado, que exige a circulação apenas de ações ordinárias, era necessária uma nova autorização.

Tobias disse que o lançamento dessas ações permitirá a expansão da base de investidores estrangeiros e eliminará a "situação esdrúxula" criada com a restrição da fatia dos estrangeiros de 12,5%. Ele aposta que as medidas garantirão maior valorização das ações, que serão mais atrativas pois o recibo é menos exposto ao risco de variação cambial. Por enquanto, o BB vai listar apenas ADRs de nível 1, que são negociados no mercado de balcão. Essa é a única alternativa no momento, já que o banco ainda não segue as regras de controles internos estabelecidas pela Lei Sarbanes-Oxley, requisito para o lançamento de recibos de nível 2.

Para analistas, as medidas garantirão maior demanda em uma possível oferta pública. "A exposição maior costuma favorecer a negociação dos papéis, com a consequente valorização das cotações", disse Aloísio Lemos, da Ágora Corretora.