Título: Taleban está em 97% do Afeganistão, diz estudo
Autor: AP ; Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2009, Internacional, p. A15

Metade do país está sob risco de ataque e presença do grupo cresce em áreas antes pacíficas

Quase oito anos após os EUA derrubarem o governo do Taleban no Afeganistão, o grupo voltou a ocupar praticamente todos os cantos do país, segundo uma análise divulgada ontem pelo centro de estudos britânico International Council on Security and Development.

O Taleban age em 97% do território afegão, sendo que em 80% a presença de insurgentes do grupo é permanente. Em 2008, esse porcentual era de 72%, enquanto que em novembro de 2007, era de 54%. A análise identificou ainda que os militantes aumentaram suas ofensivas nos últimos meses no norte do Afeganistão - uma região que antes era considerada relativamente pacífica. Um mapa produzido pelo centro britânico mostra que quase metade do país está sob risco de ataque ou está sob "controle inimigo".

As informações vêm à tona num momento crítico para o Afeganistão, que enfrenta uma crise pós-eleitoral e um número recorde de baixas das tropas estrangeiras no país.

O impasse provocado pelas acusações de fraudes em massa nas eleições presidenciais do dia 20 ganhou um novo capítulo ontem. A Comissão de Reclamações - órgão de supervisão eleitoral patrocinado pela ONU - ordenou que os votos de 83 seções eleitorais fossem invalidados. Todas as seções ficam em áreas de forte apoio ao presidente Hamid Karzai.

A ordem foi dada no mesmo dia em que um grupo de monitoramento dos EUA denunciou que, em "um grande número de seções", houve comparecimento superior a 100%

A eleição - inicialmente considerada um sucesso após o Taleban não prejudicar a votação - está se tornando uma verdadeira dor de cabeça para Washington, por ser um teste para a nova estratégia do presidente Barack Obama para derrotar os militantes e estabilizar o país.

REVOLTA

Jornalistas afegãos culparam ontem a Otan pela morte de um repórter local durante o resgate, na quarta-feira, do jornalista do New York Times Stephen Farrell. Para eles, a operação liderada pela aliança teve um "padrão duplo" por não ter resgatado Sultan Munadi, que trabalhava como intérprete de Farrell. Além do afegão, outros dois civis e um soldado britânico morreram na ação.