Título: IBP critica Petrobras como única operadora
Autor: Pires,Carol;Madueño,Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2009, Economia, p. B7
Para representante das empresas, medida desestimula a participação
Geralmente cauteloso nos comentários sobre as mudanças regulatórias no setor de petróleo brasileiro, o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos De Luca, criticou a transformação da Petrobrás em única operadora das áreas exploratórias do pré-sal. "Isso desestimula empresas. Não só as investidoras, como também as fornecedoras."
Segundo ele, este é o ponto mais crítico entre os apresentados no novo modelo. "A partir do momento em que há apenas um comprador de equipamentos e tecnologia, o mercado fica restrito às decisões desta única empresa. Ou seja, não há troca de tecnologia. Isso é ruim para a empresa e para o desenvolvimento do País. Se várias empresas estivessem atuando, haveria várias fontes para a troca de tecnologia e até várias fontes de geração de empregos."
De Luca evitou prever fuga de investimentos do setor, mas disse que o modelo acaba reduzindo a atratividade. Salientando que os executivos do setor precisam "debruçar-se sobre as novas regras para tentar compreendê-las melhor", ele comentou que há vários pontos ainda não esclarecidos, entre eles a participação governamental na exploração dos blocos e se haverá condições econômicas para explorá-los.
Ele comentou que um dos temores das empresas é que, à medida que o governo eleve a carga de tributos e participações, o lucro dos investidores se reduza tanto que torne inviável a exploração das áreas. O executivo evitou falar sobre a distribuição de royalties e a capitalização da Petrobrás, alegando que são assuntos que não dizem respeito às indústrias.
O IBP encaminhou solicitação ao ministro de Minas e Energia para que, agora com a definição do novo marco, seja tratada a continuidade da oitava Rodada de Licitações da ANP, suspensa em 2006, e sejam retomadas as demais rodadas com áreas fora do pré-sal.