Título: Iara reserva surpresa positiva, afirma ANP
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2009, Economia, p. B9

Poço que está em testes possui óleo leve e de boa qualidade

BRASÍLIA

O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, informou ontem, logo depois da cerimônia de lançamento do marco regulatório do pré-sal, que o poço de Iara reserva para o Brasil "uma surpresa muito positiva, com imenso potencial petrolífero". O poço, de acordo com informações já divulgadas pela Petrobrás, possui óleo leve - tipo do qual o Brasil tem carência -, com estimativa de 3 bilhões a 4 bilhões de barris de petróleo e gás natural equivalente.

A Petrobrás havia iniciado os testes no poço de Iara, que engloba área de 300 quilômetros quadrados, a cerca de 230 quilômetros do litoral da cidade do Rio de Janeiro, mas houve problemas nos equipamentos. Agora, de acordo com Lima, a estatal reiniciou os testes e concluiu que brevemente poderá dar informações muito relevantes a respeito do óleo que existe no poço.

Lima informou ainda que no fim de outubro e início de novembro a ANP vai contratar a perfuração de três ou quatro poços nas áreas do pré-sal limítrofes às que já foram licitadas. A intenção é delimitar o território de modo que a agência saiba o que existe em cada ponto do pré-sal. A ANP está fazendo uma espécie de mapa de toda a costa brasileira.

Para Haroldo Lima, todos os indicativos são de que o pré-sal é muito rico em petróleo, o que transformará o Brasil num dos maiores países produtores. Ele disse que a agência já havia previsto que a Exxon não acharia nada num poço em que, recentemente, anunciou tê-lo encontrado seco. "Quando soubemos onde era, nossos técnicos observaram que ali não deveria ser encontrado nada", diz o presidente da ANP. "Acredito que essas empresas fazem dessa exploração uma espécie de teste para saber até onde há petróleo.

Quanto aos poços verificados pela Petrobrás, o sucesso é absoluto, afirmou Haroldo Lima. "Exceto o Oriente Médio, no mundo todo e no Brasil é padrão é encontrar nove poços secos em cada dez examinados. No pré-sal, a Petrobrás testou 13, todos com sucesso, ou seja, 100% dos pontos já verificados tinham petróleo", disse ele.

Pelos projetos de lei enviados ontem ao Congresso, a ANP passará a ser a responsável pelas licitações que vão escolher as empresas que assinarão os contratos de partilha com a União para a produção da camada pré-sal. "Agora, nossa autorização será explícita em lei; antes, era apenas implícita", disse Haroldo Lima.

De acordo com o projeto enviado ao Congresso, a ANP fará as licitações de acordo com diretrizes do Ministério de Minas e Energia aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Além disso, caberá à agência regular os contratos. O governo também estabelece que nos leilões será vencedora a empresa que oferecer a maior fatia de sua produção à União.

Estimativas da Petrobrás mostram que a empresa terá de investir cerca de US$ 111 bilhões até 2020 na área do pré-sal para produzir 1,8 milhões de barris diários de petróleo e gás natural. Para a empresa, o volume de investimentos é viável com o petróleo sendo vendido no mercado externo a US$ 45 o barril.

Como cada poço perfurado custa em torno de US$ 60 milhões, podendo chegar a US$ 100 milhões, o governo quer reduzir o número de poços. Por isso, os testes da ANP são tão importantes. A Petrobrás projeta 219 mil barris diários em 2013 de petróleo da área do pré-sal. Esse volume poderá ser de 528 mil barris por dia já em 2016. O clímax da extração deverá ser dar em 2035.