Título: Meirelles avisa a PMDB de GO que define filiação até o dia 27
Autor: Domingos,João
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2009, Nacional, p. A6

Partido oferece a vice da República, o governo do Estado ou o Senado

Em reunião de duas horas com oito dos dez deputados estaduais do PMDB de Goiás, no fim da tarde de domingo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu prazo até o dia 27 para decidir se aceita o convite de filiar-se ao partido. Ele é cortejado também pelo PP do governador goiano, Alcides Rodrigues, e pelo PRB do vice-presidente José Alencar.

O PMDB goiano ofereceu a Meirelles a opção de escolher três alternativas, caso decida candidatar-se a algum cargo eletivo no ano que vem: a vice-presidência da República, o governo do Estado ou o Senado, informou a líder do partido na Assembleia Legislativa goiana, deputada Mara Naves, que esteve à frente da reunião com Meirelles, no apartamento do presidente do BC, no Setor Oeste, bairro nobre da capital goiana.

Na disputa por cargos na eleição de 2010, a situação não é tranquila em duas das ofertas de vagas feitas a Meirelles pelo PMDB do Estado. No caso da vice-presidência, o deputado Michel Temer (SP), presidente licenciado do PMDB, é um dos favoritos para compor uma chapa com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Com relação ao governo de Goiás, hoje o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, destaca-se como favorito para a disputa. Ele teria de abrir mão da vaga em favor de Meirelles. "O prefeito já disse que se aparecer um nome forte ele ficará na prefeitura e apoiará essa pessoa", disse Mara. Para reforçar a tese, ela lembrou que foi Iris quem convidou Meirelles a entrar no PMDB.

Quanto ao Senado, a situação é favorável ao presidente do BC. Quando entrou na política partidária, em 2002, Meirelles queria tentar o Senado. Mas as brigas internas no PSDB, seu partido na ocasião, acabaram por impedi-lo de disputar uma das cadeiras, sobrando para ele a vaga na lista para a Câmara dos Deputados, para a qual foi eleito com o maior número de votos. Ao aceitar o convite do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, Meirelles renunciou ao mandato de deputado e se desfiliou do PSDB.

De acordo com informações de Mara Naves e de parlamentares que participaram do encontro com Meirelles, ele comentou que ainda não decidiu o que vai fazer. Contou que o presidente Lula chegou a pedir que permaneça no comando do Banco Central e disse ter a promessa de que ocupará um posto importante no novo governo - caso a ministra Dilma Rousseff seja eleita - de preferência o mesmo BC, no qual está há quase sete anos.

Informações de auxiliares de Lula, no entanto, apontam para dois caminhos. Em um deles, Meirelles permaneceria mesmo na presidência do BC. Em outro, o presidente gostaria de vê-lo filiado a um partido da base aliada para disputar o governo de Goiás ou mesmo a vice-presidência.

Todos os que têm conversado com Meirelles nos últimos meses comentam que o presidente do Banco Central tem dado sinais de que se sente atraído pela vice-presidência na chapa governista que disputará a sucessão de Lula.