Título: Dilma diz que PT deve definir até outubro suas alianças para 2010
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2009, Nacional, p. A8
Nesse período, ministra tentará aumentar a visibilidade com mais viagens e participação em eventos públicos
Diante da pressa do PMDB em lançar até outubro a aliança para 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, assegurou aos aliados que aumentará a agenda de viagens e participação em eventos públicos. Deixou claro, no entanto, que as críticas pela demora em se comportar como candidata devem ser repassadas ao PT, pois ela tem impedimentos legais de assumir a candidatura.
A ministra deu ontem uma rápida entrevista coletiva, a primeira desde o anúncio dos projetos do pré-sal, no final de agosto, e disse que o PT deverá definir o leque de alianças com vista à candidatura ao Planalto até outubro. Foi uma resposta ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que em entrevista ao Estado, no domingo, frisou que "Dilma até hoje não se disse candidata". E opinou que ela "deveria assumir".
O desconforto aumentou nos últimos dias com as movimentações dos também pré-candidatos Ciro Gomes (PSB) e Marina Silva (PV). Auxiliares de Lula disseram à ministra que não dá mais para ela se limitar ao papel de "gerente" do governo. Mesmo com as limitações impostas pela legislação eleitoral, na opinião desses assessores, Dilma precisa "arregaçar as mangas" e deixar claro que está na briga pelo Planalto.
Hoje, a ministra participará do seminário Pré-Sal e o Futuro do Brasil, em um centro de convenções de Brasília. Na sexta-feira, ela dará entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros, em São Paulo.
A partir de agora, relatou um ministro, a tendência é de que Dilma aumente o espaço na sua agenda para os eventos públicos. No governo, Lula e seus assessores diretos observam que outros pré-candidatos, como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), estão em campanha faz tempo e "só a imprensa" não quer ver.
Líderes do PT foram orientados pelo governo a acelerar o debate da sucessão. "Ela é a candidata do coração da militância", destacou o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem, porém, que não é bem assim.
Esses assessores avaliam que não há riscos de Ciro e Marina ganharem espaço no PMDB e em outros partidos da base, mas consideram importante que a ministra se aproxime de simpatizantes do governo, militantes e parlamentares aliados.
Os auxiliares de Lula observam que o próprio presidente, em viagem na última sexta-feira a Porto Alegre, voltou a dizer que Dilma era candidata, o que seria um aviso de que a ministra não tem mais tempo a perder.
Em meio às dificuldades enfrentadas pelo Palácio do Planalto para apressar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a estratégia do presidente e dos assessores é associar o nome de Dilma à política social do governo, uma área com números positivos na qual ela nunca opinou.
Embora seja vista como centralizadora na Casa Civil, a ministra sempre se manteve distante do Programa Bolsa-Família, a principal ação social do governo do presidente Lula.