Título: Decisão sobre caças fica para outubro
Autor: Monteiro,Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2009, Nacional, p. A19

Prazo terminaria ontem, mas Saab, Boeing e Dassault pediram mais tempo para apresentação das propostas

Após censurar nos bastidores o ritmo acelerado que o Planalto imprimiu na negociação com a França para a compra de 36 caças, o Comando da Aeronáutica estendeu para 2 de outubro o fim do prazo para apresentação das propostas de venda ao Brasil dos aviões do projeto FX2.

O prazo terminaria ontem, mas a prorrogação já havia sido cogitada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, na sexta-feira. A primeira nota emitida pela Força Aérea Brasileira, no início da tarde, dizia que a mudança da data de entrega das propostas atendia a uma solicitação da sueca SAAB, fabricante do avião Gripen. Depois, houve uma correção. A nota informou que a americana Boeing, que fabrica o F-18, e a Dassault (Rafale) pediram mais tempo, para exame e apresentação de ofertas, e, assim, o prazo estava sendo ampliado para todas.

O pacote de venda dos 36 caças está estimado em 4 bilhões, mas as empresas escondem os preços de seus produtos e o que vão incluir em suas propostas. A assessoria da SAAB explicou que pediu prorrogação do prazo porque considerou a primeira data estabelecida, 18 de setembro, muito curta para revisão de estudos e apresentação de novas propostas. "Vamos avaliar mais um pouco", disse o diretor da SAAB no Brasil, Bengt Jáner.

Após confirmar que não entregou sua proposta ontem, a Boeing - por meio de sua assessoria - informou que "vai fazer um novo pente fino, revisando cada item para ver o que mais pode oferecer".

A Boeing lembrou que o novo prazo dá "margem mais confortável" para análise já que muitas questões em discussão têm a ver com a cadeia de fornecedores que não depende só da Boeing . "Agora, temos chance de ampliá-las", afirmou a assessoria da empresa.

Na sexta-feira, a França já havia apresentado um novo pacote de ofertas, incluindo as exigências feitas pelo governo brasileiro, e reclamadas por Lula, durante a negociação com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre o alto preço das aeronaves e da hora de voo dos caças. Por diversas vezes, Lula e Sarkozy comentaram que este era o único impedimento para o fechamento do negócio.

Apesar de já ter apresentado sua proposta à comissão da FAB, a Dassault vai usar o novo prazo para verificar se tem algo mais a oferecer.

O Brasil já manifestou a preferência por uma parceria estratégica com a França, o que gerou um problema diplomático, levando o Ministério da Defesa a reabrir o prazo para apresentação de propostas dos fabricantes. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a competição, dizendo que iria ganhar os aviões "de graça".