Título: Amorim diz que Brasil não sabia de regresso
Autor: AFP; AP ; Efe
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2009, Internacional, p. A20

Segundo chanceler, subsecretário do Itamaraty autorizou entrada de Zelaya na embaixda

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, negou ontem que o governo brasileiro soubesse antecipadamente que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, procuraria abrigo na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Insistindo que o País não reconhece o governo de facto hondurenho, o chanceler acrescentou que, por enquanto, a preocupação maior será com a segurança do presidente deposto.

"Eu conversei com o encarregado de negócios (no início da tarde) e ele me disse que Zelaya estava na embaixada", afirmou o ministro - o Brasil havia retirado seu embaixador no país após o golpe. O aval para a entrada de Zelaya foi dado pelo subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, Enio Cordeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava no avião indo de Brasília para Nova York, foi avisado imediatamente por Amorim.

Logo após informar o chanceler, o encarregado de negócios, Francisco Catunda, passou o telefone para Zelaya conversar com Amorim. "Dei boas-vindas e perguntei se ele estava bem. Ele me respondeu que sim, mas um pouco cansado por causa da caminhada pelas montanhas." Questionado pelos jornalistas, Amorim voltou atrás e disse não saber se Zelaya foi andando até a embaixada.

O ministro descreveu o ocorrido, afirmando que uma deputada foi ontem à embaixada e disse ao encarregado de negócios que a mulher de Zelaya, Xiomara, gostaria de conversar com ele. Catunda concordou e, ao encontrá-la, recebeu a informação de que o presidente deposto estava nos arredores e queria saber se podia entrar na embaixada. Mais tarde, segundo Amorim, uma comissão de dez pessoas foi autorizada a entrar na sede diplomática.

O presidente deposto, ainda de acordo com o relato de Amorim em entrevista na missão brasileira na ONU, em Nova York, afirmou que retornou a Honduras "por meios pacíficos e próprios".

Amorim disse não se tratar de um asilo político, pois, segundo o ministro, "Zelaya é o presidente democraticamente eleito de Honduras". O chanceler informou aos jornalistas que o governo pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) e aos EUA que entrem em contato com o governo de facto de Honduras para garantir a segurança.

"Nosso pessoal na embaixada não será afetado", afirmou. "Esperamos que não haja violência", acrescentou o chanceler. Para finalizar, Amorim disse ainda não acreditar que o governo de facto vá tomar uma medida flagrante contra o direito internacional.

"A presença dele em Honduras é um fato novo. Nós ainda não planejamos nada", afirmou o chanceler brasileiro. Amorim foi insistente em defender a volta de Zelaya e acrescentou que repudia o governo de facto de Roberto.

REAÇÃO

Celso Amorim Chanceler brasileiro

"Perguntei se ele estava bem. Ele respondeu que sim, mas um pouco cansado por causa da caminhada pelas montanhas"

"Zelaya é o presidente democraticamente eleito de Honduras" (negando que se trate de asilo político)

"Esperamos que não haja violência"