Título: TST limita greve dos Correios a 70% de participação
Autor: Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2009, Economia, p. B8

Tribunal determina que pelo menos 30% estejam trabalhando; para Correios, porcentual é insuficiente

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu não atender o pedido da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de considerar abusiva a greve da categoria, que já dura seis dias. Mas determinou, ontem, que pelo menos 30% dos funcionários sejam mantidos trabalhando em cada uma das unidades da empresa. A estatal tinha pedido um porcentual mínimo de 70%.

Segundo fontes da ECT, os 30% determinados pelo TST não são suficientes para colocar em dia 34,6 milhões de correspondências e 339 mil encomendas que estão paradas nos centros de distribuição dos Correios por causa da greve. Caso haja descumprimento da determinação do tribunal pelos trabalhadores, será aplicada multa diária de R$ 50 mil aos sindicatos.

O vice-presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, marcou para quinta-feira, às 9h30, uma audiência de conciliação entre as partes.

Para tomar a decisão de determinar um comparecimento de 30% dos funcionários ao trabalho, o ministro argumentou que os Correios prestam serviço público essencial e de relevância social.

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Correios (Fentect), até o início da noite de ontem 25 dos 35 sindicatos da categoria permaneciam em greve. Os sindicatos do Maranhão e de Mato Grosso do Sul votaram ontem pelo fim da paralisação e pelo retorno ao trabalho.

Antes que esses dois sindicatos aceitassem a proposta de reajuste salarial oferecida pela empresa, os números da ECT apontavam para uma adesão à greve de 24% dos 109 mil empregados da estatal. Diante da manutenção da greve por grande parte dos sindicatos, permanecem suspensos os serviços de entrega com hora marcada, como Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta.

Os funcionários em greve querem 41% de reposição salarial e acréscimo imediato de R$ 300 ao piso da categoria, que é de R$ 640. O governo ofereceu um reajuste de 9%, válido por dois anos, e um acréscimo salarial de R$ 100, em vigor a partir de janeiro de 2010.

Os Correios se dispõem, ainda, a aumentar o vale-alimentação de R$ 20 para R$ 21,50 neste ano e R$ 23 no próximo ano e a conceder um vale-alimentação extra nos meses de dezembro deste ano e de 2010. Os benefícios propostos pela empresa representam um impacto anual de R$ 729 milhões na folha de pagamento da ECT, que é de R$ 5,5 bilhões.

NÚMEROS

34,6 milhões de correspondências deixaram de ser entregues por causa da greve dos Correios

24% dos 106 mil funcionários dos Correios estão parados

41% é o índice de reajuste salarial reivindicado, referente a perdas acumuladas