Título: Sarney alega zelo e demite sobrinha
Autor: Lopes,Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2009, Nacional, p. A6

Senado tinha validado nomeação de Maria do Carmo por ato secreto

Sob pressão, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu demitir a sobrinha Maria do Carmo de Castro Macieira. Ela foi nomeada por ato secreto em junho de 2005, para trabalhar no gabinete da então senadora e hoje governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), filha do presidente do Senado. Maria do Carmo estava com emprego garantido depois que a diretoria-geral da Casa validou na quarta-feira a medida administrativa editada sob sigilo. .

Segundo nota da assessoria de Sarney, ele pediu, por "zelo", para que o senador Mauro Fecury (PMDB-MA) - suplente de Roseana - demitisse Maria do Carmo. A nota diz ainda que somente ontem o senador descobriu o parentesco com a servidora. Maria do Carmo é casada com um sobrinho de Marly, mulher do senador. "O presidente José Sarney procurou informar-se no Maranhão de quem se trata e soube que ela é casada com um primo da governadora Roseana Sarney", diz a assessoria. "Apesar dessa relação não configurar parentesco de acordo com o Código Civil (artigo 1595, parágrafo 1º), há dúvidas em relação à súmula sobre nepotismo baixada pelo Supremo Tribunal Federal em 2008."

O nome de Maria do Carmo faz parte da relação de 45 atos secretos validados na quarta-feira. Além dela, aliados de Sarney também foram beneficiados pela medida, entre eles Nathalie Rondeau, filha do ex-ministro Silas Rondeau, afilhado político de Sarney. Ela foi nomeada, por boletim sigiloso, em agosto de 2005, para trabalhar no Conselho Editorial, presidido pelo senador. Por enquanto, está com emprego garantido.

O conselho também foi o palco da nomeação oculta de Alba Leide Nunes Lima, mulher de Chiquinho Escórcio, uma espécie de "faz-tudo" da família Sarney. Alba hoje trabalha no gabinete do senador e também está entre os 45 atos secretos legalizados na quarta-feira.

Outros 34 servidores nomeados sigilosamente aguardam uma decisão da diretoria-geral do Senado. Um deles é Henrique Dias Bernardes, que ganhou o emprego em abril de 2008. Na época, ele namorava uma neta do presidente do Senado.