Título: China e EUA falam em esforço para reduzir emissões de CO2
Autor: AFP ;AP
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2009, Vida&, p. A16

Presidente chinês não dá meta concreta; Obama pede que nações pobres participem do acordo

Ontem, dia em que a Organização das Nações Unidas sediou em Nova York uma reunião sobre o combate às mudanças climáticas com representantes de mais de cem países, os presidentes da China e dos Estados Unidos, que respondem por 40% das emissões de CO2, afirmaram que farão esforços para reduzi-las, mas sem estabelecerem metas concretas.

Mais informações sobre a reunião da ONU e as emissões de CO2

Hu Jintao, o mandatário chinês, comprometeu-se a reduzir as emissões de gases-estufa em seu país até 2020 em uma quantidade não determinada, mas "importante", tendo como referência os níveis de 2005 - outros países, como o Japão, são mais ambiciosos e usam como referência o ano de 1990.

Jintao afirmou que vai desenvolver as energias renováveis e nuclear e que pretende aumentar sua participação no país para cerca de 15% até 2020. Ele também anunciou que quer aumentar a cobertura florestal do país em 40 milhões de hectares antes de 2020. Disse ainda que os países ricos devem fazer esforços de redução de emissões e "apoiar os países em desenvolvimento". E que para os países pobres "a prioridade é o crescimento econômico, a erradicação da pobreza e a melhora da qualidade de vida". Comentando a fala de Jintao, o enviado dos EUA para o clima, Todd Stern, afirmou que "tudo depende do número", ou seja, da meta de redução de emissões.

O presidente americano, Barack Obama, afirmou na reunião da ONU que seu país está "determinado a agir". "A jornada é árdua e não temos muito tempo para realizá-la", disse. Ele procurou mostrar comprometimento com o tema antes da reunião crucial sobre o clima a ser realizada em dezembro, em Copenhague, na qual as nações tentarão alcançar um novo tratado para combater o aquecimento global, mas não falou em metas concretas.

Obama está sendo pressionado para aprovar uma lei interna que reduza as emissões de gases-estufa e estimule as energias limpas. Um projeto que propõe o corte de 17% para o ano de 2020, também com base nas emissões de 2005, foi aprovado na Câmara, mas dificilmente uma versão revisada pelo Senado será fechada neste ano.

O presidente americano conclamou todos os outros países - ricos e pobres - a enfrentar o problema. Ele afirmou que isso tem de ser feito, apesar da dificuldade de investir em energias renováveis enquanto o mundo tenta se recuperar de uma recessão econômica. "Todos nós enfrentaremos dúvidas e dificuldades em nossas capitais ao tentarmos alcançar uma solução duradoura para a mudança climática. Mas dificuldade não é desculpa para complacência."

Obama insistiu na responsabilidade de todas as nações. Afirmou que países desenvolvidos como os EUA têm "a responsabilidade de liderar" o processo, mas as nações que se desenvolvem rapidamente devem fazer a sua parte.

O Tesouro americano anunciou ontem que destinou US$ 1 bilhão (R$ 1,8 bilhão) do plano de reativação econômica de US$ 787 bilhões (R$ 1,4 trilhão) aprovado em fevereiro para projetos de energia limpa.